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sábado, 5 de abril de 2014

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Felipe Moura Brasil

Cultura e irreverência

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05/04/2014 às 0:00 \ Cultura
País de estupradores, uma ova! IPEA admite que… eu estava certo! Ai, que chato! Maioria discorda de ataques às mulheres! Só falta o instituto, os jornais, a TV e os ativistas admitirem o proselitismo ideológico também


Eu fui estuprado, quer dizer, atacado por um bando de ativistas bocós nos últimos dias em função dos meus artigos que desmascaravam a pesquisa fajuta do IPEA. Eles queriam porque queriam que a população brasileira fosse tão ruim que acreditasse, como concluía o relatório, que “A mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar.”

A mídia quase inteira comprou esse embuste, sem a menor crítica metodológica. A notícia de que a maioria dos brasileiros culpa as mulheres pelo crime de estupro chegou à rede britânica BBC, ao jornal americano Washington Post, ao El País da Espanha e até ao Metroxpress (jornal distribuído gratuitamente em estações de metrô e trem) da Dinamarca! Como o desmentido geralmente repercute menos que a propaganda inicial, o mal já está feito dentro e fora do país. Estamos famosos no mundo inteiro pela crueldade machista.

Veja como se deu o efeito dominó da mentira e nunca maisembarque em histerias assim:

- O IPEA chegou a conclusões absurdas totalmente divorciadas da amostra colhida em maio e junho de 2013 (e, coincidentemente, trazida a público durante o escândalo da Petrobras);

- Os ativistas dos grandes jornais fizeram um escarcéu em cima disso, com direito a manchetes de “Brasil medieval”;

- Os especialistas de plantão, como a antropóloga Mirian Goldenberg, produziram sociologia barata (“A mulher é culpada de ser mulher”) em torno de duas questões sem-vergonha que nada tinham a ver com as demais respostas das entrevistas;

- A ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, lamentou o resultado e disse que é preciso “fazer muito mais”, sem sequer explicar por que um instituto de pesquisas ECONÔMICAS estava “fazendo muito mais” do que lhe cabe e entrando na área dela;

- A presidente Dilma Rousseff tirou uma casquinha da pesquisa no Twitter com a frase “Tolerância zero à violência contra a mulher” seguida da hashtag #Respeito e apoiou a criadora da campanha “Eu não mereço ser estuprada”, Nana Queiroz, uma jornalista companheira que ainda foi ao programa do Datena pedir urgência na aprovação do Marco Civil da Internet em função das supostas ameaças virtuais que teria sofrido por protestar seminua;

- O programa Fantástico deixou a reportagem de lado e fez propaganda da campanha de Nana e das conclusões forçadas do diretor do IPEA, Daniel Cerqueira, de que “A sociedade brasileira está impregnada pela cultura machista”;

- O autor Manoel Carlos colocou os personagens da novela “Em família” para julgar moralmente “mais da metade dos brasileiros”, dizendo que aquilo era “coisa dos primórdios da humanidade” e pior: “de reacionário”!, no que fez jus à tradição “Dias Gomes” de criadores comunistas a serviço da Rede Globo, já admitida por Boninho em entrevista na TV.

- O movimento de caça-tarados do metrô, que já fazia de alguns casos esporádicos de “encochadores” uma aparente epidemia nacional, ganhou força com as conclusões fajutas do IPEA, potencializando ainda mais as falsas evidências do comportamento dos brasileiros.

- O militante Leonardo Sakamoto… (Pausa para Sakamoto)… bem, vocês sabem, sakamoteou a coisa toda.

Demonstrei tudo isso incansavelmente neste blog, inclusive o aparelhamento do Instituto pelo PT; criei nas redes sociais a campanha contrária “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA”; apontei os responsáveis pela criminalidade e as formas de combatê-la; e até mostrei o que é umaverdadeira cultura do estupro.

Os blogueiros e portais de notícias decentes felizmente estavam citando meus artigos por aí, sendo que a revista Exame chegou mesmo a questionar o Instituto com base neles. Outros fingiam, com dias de atraso, que haviam descoberto sozinhos as falhas da coisa.

Mas agora está lá, em todos eles, inclusive naqueles que nunca disseram uma palavra contra: IPEA admite erro em pesquisa e diz que 26%, não 65%, apoiam ataques a mulheres.

Margem de erro da questão: 39%.

Na verdade, 70% dos entrevistados DISCORDARAM de que “as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.

Provavelmente, esses 70% entenderam o ataque como alguma forma (sexual ou não) de agressão que nenhuma mulher de fato “merece”. Entre os 26% que concordaram, ainda restaria saber quantos podem ter entendido os outros sentidos dos verbos atacar e merecer, sobre os quais já escrevi.



É evidente que esses números condizem muito mais com as demais respostas nada “machistas” que os ativistas ignoravam solenemente:

a) 91,4% concordam que o homem que bate na esposa deve ir para a cadeia;

b) 82,1% discordam que a mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos;

c) 68,1% reconhecem que é uma violência falar mentiras sobre uma mulher para os outros;

d) 89,2% discordam que o homem pode xingar ou gritar com a própria esposa.

Oh, como somos cruéis com as mulheres, não é mesmo? E os pesquisadores Rafael Guerreiro Osorio e Natália Fontoura, mui apegados às próprias ideias, ainda têm a cara de pau de afirmar em nota:

Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. As conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos.

Como um erro tão grotesco pode manter válida uma conclusão que, sem ele, já era mais grotesca ainda? Rafael pediu sua exoneração assim que o erro foi detectado, mas parece que ainda quis deixar esta última marca de cinismo em sua passagem pelo Instituto. O agora ex-diretor de Estudos e Políticas Sociais se agarra pateticamente ao resultado de outra questão tão mal formulada quanto aquela, e a partir da qual não se pode fazer inferência moral sobre a população, para preservar a ideologia barata do relatório.

É evidente que uma mulher saber se comportar, no sentido de por exemplo não aceitar bebidas de estranhos, o que evita o “boa noite, cinderela”, reduz a possibilidade de vitimização. Ninguém é malvado nem culpa a mulher pelo crime por pensar nesse tipo de cuidado ao supor que sim: haveria a diminuição do índice de estupro. Qualquer professor de Direito Penal decente sabe disso, como também já mostrei no meu “Relatório Moura Brasil“.

Preconceito, então, só os do IPEA, que admite o erro numérico, mas não o ideológico – sinal evidente de que pouco importa as respostas dos entrevistados, a conclusão é a mesma. A resposta da assessoria do Instituto à revista Exame sobre as minhas críticas não me deixa mentir: “Os resultados da pesquisa devem ser analisados na sua totalidade, e não pergunta a pergunta”. Dá para acreditar? Dá sim.

Pedimos desculpas novamente pelos transtornos causados e registramos nossa solidariedade a todos os que se sensibilizaram contra a violência e o preconceito e em defesa da liberdade e da segurança das mulheres.

Ou seja: à população brasileira, que eles xingaram de machistas e apoiadores do estupro, não pedem desculpa diretamente, mas aos ativistas e idiotas úteis que se deixaram enganar por suas mentiras prestam solidariedade.

O IPEA, definitivamente, precisa ser investigado. A exoneração de Rafael é pouco, como escreveu Reinaldo Azevedo:

Erro assim não é trivial. Qual foi a sua gênese? Como foi produzido? Não há revisão? Não se faz uma análise para saber se os dados são compatíveis? Não há mecanismos de controle — uma espécie de contraprova — para saber se os pesquisadores não manipulam dados? As outras pesquisas feitas pelo IPEA são conduzidas com o mesmo cuidado?

Não são, não, segundo os especialistas que também citei nos meus artigos.

Mas isto tampouco interessa aos ativistas. Nana Queiroz, que estava em reunião com a Polícia Federal(!!!) na hora em que foi avisada do erro pelo Estadão, declarou:

“Mesmo assim, 26% ainda é um número muito alto. A nossa campanha continua.”

Claro que continua.

Não era pelos 20 centavos.

Não era pelos 65%.

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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Artigos anteriores:
- A verdadeira cultura do estupro
- O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…
- O país da intervenção – militar, jornalística, acadêmica, governamental, cirúrgica… É muita gente intervindo antes de tentar compreender (ou a fim de avacalhar mesmo)
- Reportagem, não! Fantástico faz propaganda da campanha “Eu não mereço ser estuprada” e da pesquisa do IPEA
- Estupro? Machismo? Culpa? Levante a plaquinha: “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA!” E mais: maioria defende pena de morte ou prisão perpétua a estupradores!
- A culpa do estupro não é da mulher, mas a da confusão é da pesquisa do IPEA! Essa, sim, merece ser “atacada”!

Tags: atacadas, culpa, Daniel Cerqueira, erro, estupro, exoneração, IPEA, Islã, Marcelo Neri, mulher, Nana Queiroz, Natália Fontoura, pesquisa, PT, Rafael Guerreiro Osorio, tolerância, violência sexual


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03/04/2014 às 22:42 \ Cultura
A verdadeira cultura do estupro


“Você não precisa ser contra os homens para ser a favor das mulheres. Fique contra a discriminação de genêro.”

Vamos conhecer a lógica dos ativistas:

Eu escrevi, de passagem, no meu primeiro texto sobre a pesquisa do IPEA a seguinte frase:

“Não faço ideia se o índice de estupros diminuiria se as mulheres vestissem burcas“.

Eu estava falando do Brasil. Dos índices brasileiros. Das mulheres brasileiras.

Dezenas de ativistas vieram me xingar de tudo quanto é nome, inclusive de desinformado, alegando – como quem acredita refutar a frase – que o índice de estupros é alto nos países islâmicos, onde as mulheres vestem burcas.

Usaram o velho expediente esquerdista de tentar invalidar ou desmerecer minhas análises em função deste trecho banal sobre uma hipótese absurda, sobre a qual não me interessava refletir, porque o propósito era outro: avaliar as interpretações possíveis dos entrevistados pelo IPEA e o que (não) poderia ser concluído a partir do resultado de suas respostas.

[A propósito: compreender o raciocínio de alguém não é afirmar que a conclusão está correta. Até disso me acusaram por aqui, mas é outra história.]

A lógica dos ativistas, em resumo, é a seguinte:

O índice de estupros é alto nos países islâmicos onde as mulheres vestem burca. Logo, o índice de estupros não diminuiria no Brasil se as mulheres passassem a vestir burca.

Pausa. Respire. Leia de novo. Analise se a 2ª parte é consequência lógica da 1ª. Analisou?

Claro que não é.

Se eles mostrassem algum estudo sobre a diferença de índice de estupros antes e depois da obrigação do uso da burca em uma mesma região, talvez eu pudesse, caso mantidas as demais variáveis em jogo, levar suas cacarejadas (ou “kakarejadas”) em consideração, principalmente se esta região fosse cultural e legalmente semelhante ao Brasil e encarasse todas as formas de estupro como crimes.

Mas é claro que eles não fizeram isso. Quando um ativista vê um colunista da VEJA dizer que não sabe alguma coisa, ele PRECISA dizer que sabe, ainda que NÃO SEJA A MESMA COISA!

Eu digo: Não sei se o índice DIMINUIRIA se tal hábito MUDASSE para aquele hábito.

Eles dizem: EXISTE aquele hábito em tal lugar e o índice É ALTO!

Eu penso: E daí? Se as mulheres de burca também são estupradas, isto só prova que a burca não é uma medida 100% eficaz contra o estupro, não prova que ela não pode eventualmente adiantar alguma coisa. Se os índices são altos, isto tem a ver com diversos fatores locais.

Eles pensam: Refutei o colunista desinformado, burro, imbecil da VEJA! Vou compartilhar no Face! “Gente, olha como ele é burro! Só podia ser da VEJA! Kkkkkkkk.”

E a bocozada curte, compartilha, aumenta os acessos e curtidas do meu blog, e garante o meu emprego… Obrigado!

II.

O curioso é que a burca foi inventada justamente – como escreve Daniel Greenfield no item III sobre o caso da jornalista Lara Logan estuprada no Egito – para marcar o conjunto de mulheres (as casadas com muçulmanos) que não poderiam ser estupradas. Sim, porque estuprar as outras não era problema algum, como aliás, em muitos casos, até hoje não é.

Pior: “Na lei islâmica tradicional“, como também escreveu Jamie Glazov na FrontPage Mag, “o estupro não pode ser provado a não ser que quatro homens deponham como testemunhas (Sura 24:4 e 24:13). Em outras palavras, as mulheres estupradas não podem obter justiça em lugar algum onde a lei islâmica prevaleça. Mais terrível ainda: uma mulher que tem a coragem de dizer que ela foi estuprada, e não consegue as quatro testemunhas do sexo masculino (o que é, obviamente, quase sempre o caso), acaba sendo punida porque sua acusação é considerada como uma admissão de sexo pré-marital ou adultério. E é por isso que 75% das mulheres na prisão no Paquistão estão atrás das grades pelo crime de ser uma vítima de estupro.” (Isto somado ao fato de que os próprios familiares repudiam as vítimas desse crime, que, em alguns casos, são até mortas para salvaguardar a honra familiar.)

Para se ter uma ideia do que elas passam desde cedo, eis o trecho de um relatório da Human Rights: “Em novembro [de 2010], uma menina da nona série na cidade de Bahawalpur acusou o diretor da sua escola de tentativa de estupro, mas, após investigação, a polícia abandonou o caso dizendo que não havia provas suficientes, embora houvesse relatos de duas testemunhas oculares: professores que entraram na sala ao ouvir o grito da menina” (p. 167).

Some-se ainda o caso do Afeganistão, onde chegou a ser aprovada uma lei “que obriga a esposa xiita a fazer sexo com seu marido sempre que ele exigir, sob pena de ser privada de sustento por ele” e onde a política “Fawzia Koofi sofreu um atentado a tiros, em março, depois de ter recebido seguidas ameaças de morte por criticar a aprovação do chamado ‘estupro marital’ para a minoria xiita“, como escreveu Thais Oyama na VEJA em maio de 2010. “O Afeganistão“, segundo Thais, “livrou-se do jugo do Talibã, mas não conseguiu varrer o obscurantismo religioso que ele ajudou a disseminar. A interpretação radical e misógina dos princípios do Islã é a principal causa da tragédia das mulheres afegãs.” Uma tragédia que inclui mutilação genital e ataques com ácido, sem contar as tentativas de suicídio à base de atear fogo ao corpo. Lá sim “a aplicação de castigos físicos a mulheres de ‘mau comportamento’ continua a ser vista como um DEVER e um DIREITO da família” [grifos meus].

Ou seja: não é de surpreender que os mesmos ativistas que fazem inferências morais sobre a população brasileira a partir de questões vagas ou técnicas do IPEA queiram também tirar conclusões levianas sobre o Brasil a partir do exemplo dos países islâmicos.

Em todo caso, sobre a hipótese insana de que a mulherada passe a vestir burca ou algo parecido, diz-me o professor doutor de Direito Penal Francisco Ilídio: “É improvável, embora possível que o número de estupros caia, mas não significativamente, uma vez que a maior parte dos crimes é cometida intramuros, especialmente, dentro das próprias residências das vítimas“. O próprio IPEA revela que “70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima, o que indica que o principal inimigo está dentro de casa.” E a agressão ainda se repete em quase 50% dos casos quando o estuprador é um conhecido.

A possibilidade de uma mulher ser atacada por um desconhecido é de 4 a 5 vezes menor do que a possibilidade de ser atacada por um familiar ou por pessoa com quem se relaciona afetivamente. “Considerando que o uso da burca perante familiares não é obrigatório, nem mesmo em regimes que adotam a sharia, isto não teria muito impacto“, segundo o professor. As relações entre vestimenta-estupro existem (e dizer isto não é culpar ninguém pelo ato criminoso, como os ativistas se apressam em acusar), mas “são mais importantes em situação de crimes de oportunidade, onde seleciona-se, em regra, alvos mais visíveis, e em casos de assédio sexual no ambiente de trabalho“. Quando se considera o universo total dos crimes sexuais, aí as roupas são um fator relativamente menor, é claro.

Em suma: é provável que não houvesse mesmo mudanças significativas no índice de estupro em função da citada mudança de vestimenta, mas, a menos que se apresente um estudo sério e conclusivo a respeito, ninguém pode afirmar, com aqueles 100% de certeza que os ativistas têm ou fingem ter, que os índices não diminuiriam, muito menos usar as estatísticas nada confiáveis do Islã como argumento para prová-lo. Quando digo que “não faço ideia” de tal coisa não é porque não entendo nada da coisa, mas porque a ideia provavelmente não pode mesmo ser feita com precisão e não me interessa na hora, repito, divagar a respeito de tamanha loucura.

Mas já que estamos divagando, o professor Francisco Ilídio lembra o outro lado: “Se por um lado não é possível dizer com certeza que o número de estupros aumentaria ou diminuiria se as mulheres usassem burca; usando a mesma linha de argumentação pelo extremo, pode-se dizer que, provavelmente, se as mulheres saírem nuas os casos de estupro aumentarão“. (Que absurdo!, grita a feminista nua nessa hora, culpando a “sociedade patriarcal”…)

E que fique claro: 70% das vítimas de estupro no Brasil têm menos de 17 anos e 50,3% menos de 13! Isto está muito mais ligado a pedofilia e abuso sexual de menor do que à ideia de mulher “atacada” (segundo o dicionário do IPEA) por estranhos, ainda que o estuprador seja desconhecido em 60,5% dos casos envolvendo adultos, os quais correspondem a apenas 30% das vítimas. Já indiquei a matéria da VEJA sobre os perfis de estupradores – aquele tipo de gente que tem de ser denunciada e presa porque não se comove com pombinhas da paz, nem com feministas com plaquinhas sobre o corpo seminu em páginas do Facebook.

Se há uma cultura no Brasil, é a “do crime e da impunidade”, fomentada há décadas – como já mostrei em vários artigos e no nosso best seller – pelo mesmo governo do PT que tira casquinha do discurso feminista no Brasil enquanto se cala diante das atrocidades contra as mulheres em países aliados que adotam uma versão radical da Sharia; e pelos ativistas de esquerda, os mesmos que agora usam uma pesquisa fajuta do IPEA - divulgada no momento do escândalo da Petrobras - para acusar a população brasileira de um “machismo” criminoso.

Esta gente, que é tão boa de leitura quanto de lógica, não faz a menor ideia do que seja uma verdadeira “cultura do estupro”.

III.

A CULTURA MUÇULMANA DO ESTUPRO
Daniel Greenfield – 01/05/2011

Quando Lara Logan viajou ao Egito para cobrir os protestos da Praça Tahrir, ela não sabia que estava indo trabalhar em um país onde os percentuais de mulheres agredidas sexualmente, principalmente estrangeiras, são tão altos que se tornaram universais. Em uma profissão politicamente correta, tais verdades são politicamente incorretas. E mesmo hoje em dia toda a cobertura da imprensa evita cuidadosamente mencionar uma palavra perigosa: Islã.

A cultura muçulmana do estupro não começou na Praça Tahrir, nem vai terminar lá. Começou, na verdade, quando no ano 624 Maomé descobriu um modo engenhoso de recompensar seus seguidores. Em acréscimo aos troféus de guerra, ele lhes deu permissão para capturar e estuprar mulheres casadas. Antes isso seria considerado adultério. Agora se tornara um incentivo para ser um dos Santos Guerreiros do Islã. Não é difícil imaginar como era feio e terrível o acampamento dos seguidores de Maomé para uma mulher. É por isso que a burca foi inventada.

Os apologetas islâmicos insistem em que a burca tem algo a ver com a modéstia feminina. Mas o Corão explica abertamente por que ela foi criada. “Digam a suas esposas e filhas e às mulheres dos crentes que vistam seus mantos (véus) por cima do corpo todo, para que se distingam e não sejam molestadas.” O hijab foi inventado por motivo semelhante no Líbano, nos anos 70, para distinguir as mulheres xiitas, a fim de não serem molestadas por terroristas islâmicos. O propósito da burca era parecido com uma marcação de gado, separando as mulheres casadas com maridos muçulmanos das mulheres escravas que eram capturadas na guerra. As primeiras eram propriedade de seus maridos e intocáveis, as últimas eram presa legítima para qualquer um. Para um muçulmano, a burca é um sinal que significa “apenas meu marido pode me estuprar”, enquanto a ausência da burca significa “todos podem me estuprar”.

Quando o Grande Mufti da Austrália, Sheik Hilaly, justificou uma infame série de estupros cometidos por gangues ao comparar as mulheres a carne abandonada diante de um gato, ele explicou o fundamento da cultura muçulmana do estupro. As mulheres são sempre a parte culpada, porque são mulheres. Se elas recusam-se a se desfeminizar usando a burca e tornando-se apenas mais um fantasma assombrando as ruas de Cairo ou Sidney com sua ausência de individualidade, então elas são automaticamente culpadas de seu próprio estupro.

No Ocidente, o estupro é crime porque é um ataque a um ser humano. No Islã, só é crime por ser um ato sexual que acontece fora do casamento. Em muitos países islâmicos, zina, adultério ou conduta sexual imoral em geral, é uma acusação que pode ser feita tanto contra o estuprador quanto sua vítima.

Mesmo no caso em que Maomé ordenou a execução de um estuprador, ele primeiro perdoou sua vítima por tomar parte no ato. Na medida em que o Islã criminaliza o estupro, ele o faz enquanto crime de propriedade ou perturbação da ordem pública. E impõe exigências elevadas de prova cuja satisfação torna-se quase impossível.

No Islã as mulheres são objetos, não sujeitos. Fisicamente seus corpos inteiros são considerados awrah, uma palavra árabe que significa nudez, falha ou defeito, termos que resumem amplamente a visão muçulmana sobre as mulheres. Até mesmo suas vozes são consideradas awrah, ou seja, até uma mulher totalmente coberta é uma coisa imoral ao falar. A mulher existe dentro do Islã como um objeto imoral. E isso dá aos homens muçulmanos a permissão implícita de atacá-la, enquanto se culpa a própria natureza dela por tentá-los a cometer o ato.

O Islã não considera o estupro como um crime contra a mulher. É um crime contra os pais e os maridos. Não há crime se um marido estuprar sua própria esposa. Essa é uma regra que os eruditos muçulmanos continuam a pregar nos dias de hoje. E um canal de TV islâmico do Reino Unido foi censurado por transmitir essa visão. Sob a lei islâmica, um marido tem todo o direito de agredir sua esposa se ela se recusa a servi-lo, até que ela consinta em fazê-lo. A mulher não tem controle sobre seu corpo. Somente o homem a quem ela pertence tem esse poder.

Em uma sociedade tribal, o estupro é um crime contra a propriedade e a honra. Para o pai, a virgindade da filha é um item valioso que aumenta seu valor de mercado. Casá-la é uma maneira de estabelecer um relacionamento entre duas famílias. Para o marido, a castidade de sua esposa mantém o valor de sua propriedade e garante que a prole é realmente sua. Atacar uma mulher é cometer um crime contra a propriedade comunal de uma família. Mas uma mulher sozinha não tem direitos sobre seu corpo que todo homem é obrigado a respeitar, como Lara Logan descobriu na Praça Tahrir.

Uma mulher desacompanhada não tem dono. Uma mulher estrangeira está fora da proteção do sistema tribal que utiliza vendetas familiares para resolver disputas. Não é à toa que os percentuais já estratosféricos de assédio sexual no Cairo sobem a um valor universal quando se incluem as mulheres estrangeiras.

A burca coloca a responsabilidade de se desfeminizar e marcar-se como propriedade nas próprias mulheres. Séculos de jurisprudência islâmica põem na mulher o peso da responsabilidade por qualquer ataque, como objeto que tenta os homens a pecar. O raciocínio circular do Islã diz que se um homem ataca uma mulher, é porque ela o tentou. A feminilidade é inerentemente um objeto de tentação. A burca e o hijab começaram como um modo de desfeminizar as mulheres para sua proteção, mas terminaram como uma acusação às mulheres. As mulheres passaram a não mais ser desfeminizadas para sua proteção, mas para a proteção dos homens.

Por que teriam que ser desfeminizadas as mulheres, suas faces cobertas e sua voz silenciada, se não houvesse uma força terrível e misteriosa na feminilidade que provoca os homens?

Foi exatamente isso o que afirmou o ex-presidente do Irã, quando disse que “as pesquisas científicas mostram que os cabelos das mulheres emitem raios que enlouquecem os homens”.Mais recentemente, um clérigo iraniano explicou que as mulheres que não se vestem com modéstia corrompem os homens e causam terremotos. As rotas de vôo de aviões iranianos tiveram de ser desviadas de um estádio onde mulheres jogavam futebol com medo de que seus raios capilares pudessem afetar os passageiros.

Por trás dessa loucura dos raios capilares esconde-se uma idéia mais feia, a de que as mulheres são criaturas não-naturais e que os homens não são responsáveis por sua conduta diante delas. Se um homem estupra uma mulher, talvez os raios capilares dela o levaram a fazê-lo. Se elas podem causar terremotos, por que não? A cultura jurídica ocidental diz que os homens têm mais autocontrole quando tratam com as mulheres. A jurisprudência islâmica cria razões contra as mulheres para inocentar seus estupradores.

Como é que você vende a idéia de direitos iguais para pessoas que vêem as mulheres como objetos perigosos que têm de ser trancados a sete chaves?

Sob o Islã uma mulher não pode dizer não exceto passivamente ao se desfeminizar, ao permanecer de purdah em casa ou levar um purdah ao sair, cobrindo todo seu corpo e rosto com uma burca, jamais encontrando o olhar de um homem ou a ele se dirigindo. E mesmo que ela siga todas as regras e seja atacada, então talvez tenham sido seus raios capilares que ultrapassaram o tecido negro da burca, no fim das contas. Não há jeito de uma mulher ser inocente, exceto não nascer. Enquanto objeto, ela é sempre culpada de seduzir os homens. Os níveis de culpa podem variar. Se os níveis são bastante baixos, ela pode ser perdoada por causar imoralidade e seu estuprador pode receber uma pena. E sua família ainda pode matá-la a fim de enterrar, junto com seu corpo, a vergonha que ela representa para eles.

Como todas as regras sociais, essas não se aplicam igualmente para todas as mulheres. A filha de uma família rica, urbana e ocidentalizada gozará da imunidade que a filha de uma família pobre de aldeia não terá. A filha rica vai freqüentar a Escola Londrina de Economia, usar Twitter e servir como exemplo de que seu país e o Islã são realmente muito liberais. A filha pobre será a segunda esposa de um gordo e aborrecido mercador e terá sorte se ele não bater nela até a morte quando ela perder seus encantos.

Enquanto isso, os rapazes percorrerão as ruas frustrados e chateados. Eles roubarão tudo que não esteja amarrado, juntar-se-ão aos protestos e assediarão sexualmente as mulheres. Quando repórteres ocidentais afluíram ao Cairo para cobrir o movimento pró-democracia, eles foram cercados do que pensaram ser manifestantes pró-democracia. O que estavam fazendo era adentrar numa das cidades mais superpovoadas do mundo, onde gangues de manifestantes haviam esmagado a polícia e criado um estado aberto de anarquia. A cultura muçulmana do estupro fez o resto.

No que se refere aos atacantes, Lara Logan não tinha direitos que eles eram obrigados a respeitar. Ela não era a esposa ou filha de ninguém que eles conheciam. Ela não era nem mesmo muçulmana. Eles não tinham nenhuma relação de parentesco com ela. Isso quer dizer que, da mesma forma que no acampamento de Maomé, ela não pertencia a ninguém. Em outras palavras, ela era de quem chegasse primeiro.

Na cultura muçulmana do estupro, uma mulher não pode ativamente recusar um homem. Pode apenas passivamente demonstrar que ela lhe é proibida ao desfeminizar-se a si mesma. Lara Logan não tinha feito isso. Mas mesmo que tivesse feito, não lhe teria valido muito. Alguns anos atrás, até mulheres cobertas dos pés à cabeça haviam sido atacadas por gangues no Cairo. Pondo mais lenha na fogueira, vieram os cantos de “Yahood, Yahood”, “Judia, Judia”. Maomé decidiu tornar legal a captura e o estupro de mulheres judias. A associação não foi feita diretamente, mas indiretamente estava lá. Lara Logan foi marcada como membro de uma tribo inimiga.

O raciocínio é bizarro, mas a jurisprudência islâmica é produto de tal bizarrice. Ela se origina na vontade de Maomé, cujo único princípio consistente era fazer o que ele quisesse. Como profeta, ele freqüentemente fazia e descumpria suas próprias leis, e então fazia outras. Quatro testemunhas são necessárias para um ato de imoralidade sexual, porque em um determinado momento três testemunhas acusaram a própria esposa de Maomé de tal ato. Antes disso, Maomé havia agido baseado no testemunho de apenas uma pessoa.

Maomé modificou a lei para poder se casar com a esposa de seu filho e ficar trocando de esposas. Depois que Maomé recebeu outra urgente revelação permitindo-lhe agir sexualmente como bem quisesse, sua esposa Aisha disse, “Ó Apóstolo de Alá, eu só vejo que teu Senhor sempre se apressa em te satisfazer.” Eis toda a jurisprudência islâmica. Era um código que existia apenas para satisfazer os impulsos sexuais de Maomé.

Se Alá existia somente para permitir que mulheres servissem sexualmente a Maomé, que poder podem ter as mulheres no Islã?

A cultura muçulmana do estupro origina-se daquele mesmo código. Um código que existe para satisfazer e favorecer os homens muçulmanos e aviltar as mulheres como uma espécie inferior, cujo corpo é imundície, cuja forma é corrupção e que só pode ser boa na medida em que ela se torna uma não-pessoa, ficando quieta e longe da vista. Ele começa com a inferioridade das mulheres e termina no paraíso cheio de eternas virgens que jamais dizem não. Alguém poderá perguntar o que ganham as mulheres. Mas o que elas ganham não importa. O Islã não foi mesmo feito para elas.”

Original: Muslim Rape Culture and Lara Logan. Publicado no Spem in Alium. Tradução: De Olho na Jihad. Reprodução: Heitor de Paola / Mídia Sem Máscara.

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Não perca o artigo mais definitivo: O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…

Tags: Afeganistão, ativista, cultura, Daniel Greenfield, esquerda, estupro, Eu não mereço ser enganada pelo IPEA, Eu não mereço ser estuprada, IPEA, Islã, Lara Logan, Nana Queiroz, países islâmicos, Paquistão,pesquisa, Praça Tahir


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02/04/2014 às 19:24 \ Cultura
O país da intervenção – militar, jornalística, acadêmica, governamental, cirúrgica… É muita gente intervindo antes de tentar compreender (ou a fim de avacalhar mesmo)


Notas, comentários e frases que deram o que falar no Facebook:

1.

O fracasso (ou a baixa adesão) de uma manifestação antipetista que pede “intervenção militar” mostra apenas – ao contrário do que esquerdistas como Jandira Feghali, Leonardo Sakamoto e Jean Wyllys querem fazer crer – que a maior parte da “direita reacionária” está muito longe de ser golpista, que dirá defensora da tortura e da ditadura. Se ficou em casa, é porque discorda do método proposto para tirar o PT do poder. O resto é demagogia barata para idiotas analfabetos.

2.

Jandira Feghali se assume comunista e não quer ser associada aos déspotas e ditadores na internet. Quer ser associada a quem, minha senhora? São Francisco de Assis? Madre Teresa? É cada uma que aparece…

3.

Se os jovens reacionários (que desprezam e nada têm a ver com qualquer ditadura, inclusive as veladas) decidissem interromper as aulas de professores comunistas para cantar e batucar da mesma forma que os jovens de extrema esquerda da USP fizeram com a do professor de direito administrativo Eduardo Lobo Botelho, que teria tornado público um texto em que defende o regime militar instaurado em 1964, eles teriam de contratar a bateria de todas as escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo para dar conta das turmas só da USP em menos de um ano. Felizmente, os jovens reaças não são autoritários como os esquerdistas histéricos.



Na UFSC invadida pelos comunistas, como escrevi aqui e aqui, pelo menos “a maioria silenciosa botou a minoria barulhenta pra correr”.

Veja a diferença:



Como já resumia Olavo de Carvalho:

“Dize-me quem admiras e te direi quem és. Os Lamarcas e Marighellas escondiam bombas em lugares públicos e saiam correndo. Ou, armados de metralhadoras, aterrorizavam indefesas escriturárias de bancos. Ou, como Carlos Eugênio Paz, matavam gente pelas costas e se gabavam disso. Ou, como Carlos Lamarca, esmigalhavam a coronhadas a cabeça de um prisioneiro amarrado. Ninguém, na direita, aplaude ou idolatra o delegado Fleury ou os assassinos de Vladimir Herzog, mas o pessoal da esquerda ama a sua escória como se fosse uma plêiade de anjos. Só nisso já há todo um universo de diferença.”

E não é que um dos invasores da sala na USP, como revela Reinaldo Azevedo segundos antes de eu publicar essas notas, é mesmo um discípulo de Marighella?



Aquele senhor no círculo vermelho, como escreve Reinaldo, é “o hoje militante petista Antônio Carlos Fon, 68 anos, ligado, desde que o mundo é mundo, ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. O que faz lá, invadindo uma aula na São Francisco? Sabem como é… Toda praça é praça para levar adiante ‘a luta’. Fon foi militante da área de Inteligência da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Carlos Marighella.”

Dize-me quem admiras e te direi quem és.

4.



É assim que se faz a mulherada pensar que a população brasileira é cruel. O Infográfico do Estadão agrupou as perguntas por tema, dando um título como “Estupro” a cada grupo delas. Fica parecendo que o questionário respondido pelos entrevistados era assim também e que eles sabiam que estavam falando de estupro ao responder a questão sobre se “merecem ser atacadas”. Não sabiam. “As perguntas foram dispostas em ordem quase aleatória (não na ordem de apresentação neste documento), de forma a alternar os assuntos e perguntas negativas e positivas, para inviabilizar a entrada dos entrevistados em ‘modo automático’”, como o próprio relatório informa na página 28. Tive de editar o meu “Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas)” para incluir mais esta sem-vergonhice. Sei que os ativistas deixarão um comentário neste post sem ler o artigo, nem sequer ver esta imagem abaixo sobre os vários significados nada cruéis do verbo “atacar”, mas fica o registro para os demais, que não gostam de ser enganados.



Da leitora Talita Ferreira:
(…) esta pesquisa definitivamente não representa a opinião do povo brasileiro.Renda média do brasileiro – 1.345
Renda média do entrevistado – 531,26
Mulheres no brasil – 51,5%
Mulheres na pesquisa – 66,5%
Universitários no Brasil – 7,9%
Universitários na pesquisa – 5,4%
Católicos no brasil – 57,7%
Católicos na pesquisa – 65,7%
Evangélicos no brasil – 15,4%
Evangélicos na pesquisa – 24,7%
Residentes do sul e sudeste no brasil – 69%
Residentes do sul e sudeste na pesquisa – 56,7%
Residentes em áreas metropolitanas no brasil – 45%
Residentes em áreas metropolitanas na pesquisa – 29,1%

Isso sem falar que quase 64% dos entrevistados tinham apenas o ensino fundamental ou menos. Ou seja, se metade dos universitários são analfabetos funcionais, o que dizer de pessoas que mal concluíram o fundamental? Será que cogitaram que “atacar” deveria significar “estuprar”? Nem eu cogitaria isto…

Só mais uma coisinha… Uma pesquisa que busca ser séria mas que faz questões como “Roupa suja deve ser lavada em casa” e “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher!” para levantar dados sobre violência doméstica deve ser levada a sério?


Comento: Não.

5.

Das coisas mais lindas deste país é você demonstrar às pessoas que elas estão sendo manipuladas e elas dizerem: “Mas isto não importa! O que importa é que…” e aí soltam as mesmas ideias dos manipuladores. Não lhes passa pela cabeça avaliar se essas ideias não são o resultado de inúmeras manipulações iguais a que você mostrou, às quais elas estiveram expostas a vida inteira. O negócio é mesmo se manter firme na idiotice.

6.

Na internet, se você escreve um texto sintético, por mais links que coloque, aparece um monte de bocós para contestar aquilo que está explicado em mais detalhes alhures. Se você escreve um texto longo e/ou faz uma compilação de provas, com todos os detalhes, aparecem “especialistas” bocós dizendo que ninguém vai ler. A arte de ignorar bocós é fundamental para escrever na internet – o que não significa que não vamos descrevê-los de vez em quando.

7.

Nana Queiroz (ao menos o endereço de e-mail deixado é o dela) comentou aqui no blog, no post sobre a propaganda do Fantástico:

“Meu caro, veja bem, acho super válido sua crítica à metodologia da pesquisa. Que a crítica seja feita. Agora, dizer que eu estou fazendo papel de polícia é um absurdo. Eu estou dizendo para que as pessoas PROCUREM a polícia, o que é extremamente diferente. Não sou justiceira, não agredi ninguém pessoalmente, não tomei atitude alguma a não recomendar que se busque as autoridades – essas, sim, com direito a fazer algo. Ficaria grata se reconsiderasse esse comentário.”

Respondi assim:

Absurdo, prezada Nana (na hipótese de que tenha sido você mesma a escrever isto) é o Fantástico não colocar um especialista da área para falar sobre denúncias, deixando apenas você encarregada disso. Somente neste sentido, NO CONTEXTO DA “REPORTAGEM” DO PROGRAMA, escrevi que você fez o papel de “delegada”. Eu não teria motivo algum para sugerir que você virou polícia de verdade agora, muito menos justiceira, ou que agrediu alguém. Minha crítica, neste ponto, é obviamente ao Fantástico. Reconsidere sua leitura e entenderá. Eu não vejo problema algum que você estimule vítimas de estupros a denunciar, ainda que veja problemas em certas correlações do seu discurso em função das conclusões forçadas da pesquisa fajuta. Mas isto não vem ao caso agora. Obrigado pela mensagem.

8.
Do leitor Luciano Sperandio Milan:

Felipe, hoje no [programa do] Datena: a Nana Queiroz (que lançou a campanha eu não mereço ser estuprada) disse que tem de passar logo o MARCO CIVIL DA INTERNET, em face das inúmeras ameaças que diz ter sofrido em suas redes sociais após lançar a campanha. Datena informou que ela recebeu apoio direto da presidente DILMA. Agora pergunto: essa campanha é apenas uma histeria feminista ou o objetivo é reforçar a necessidade do MARCO CIVIL NA INTERNET? A mim, não pareceu nada “espontâneo” o comportamento da “moça”! O que o marco civil na internet tem a ver com as ameaças supostamente sofridas nas redes sociais? Na na ni nanana…



Comento: Essas foram as palavras da nova queridinha de Dilma Rousseff no programa Brasil Urgente: “Peço às autoridades que façam alguma coisa. Aprovem logo o Marco Civil. [Ele] é importante para proteger as mulheres que são ameaçadas na internet.” Pois é. Já foi um ”marco” o IPEA soltar essa pesquisa feita em maio e junho de 2013 no momento do escândalo daPetrobras. Dilma adorou. Toda semana ela precisa de um IPEA para distrair. Agora é marco atrás de marco…

9.

Depois de publicar dois textos críticos ao feminismo, a nossa querida Bruna Luiza, do blogGarotas Direitas, começou a receber comentários ofensivos e ameaças, e teve o seu perfil do Facebook novamente derrubado. O Fantástico vai fazer uma matéria sobre isso também?

E sobre essas ameaças e ofensas às integrantes do grupo “Mulheres contra o feminismo”? Para as supostas feministas que as enviaram, parece que as “Amélias” merecem ser não atacadas, mas estupradas mesmo. E “por homens com AIDS”. E por mulheres “com arame”.

Onde está Dilma numa hora dessa?

10.

No dia seguinte, após todos os aborrecidos procedimentos, Bruna recuperou a conta e escreveueste post:

“Voltei, para a tristeza das feministas e chateamento dos esquerdistinhas! Obrigada a todos que tentaram me ajudar a retornar e recuperar minha conta. Meu perfil foi derrubado (de novo) após publicar alguns textos criticando o feminismo. Isso apenas reafirma o que já venho dizendo: feministas são pró liberdade da mulher, contanto que a mulher concorde com a pauta delas.

Enfim, em meio às ameaças e xingamentos da esquerda, é muito bom poder contar com todo esse carinho de vocês e ver os reaças cada vez mais unidos.”

11.

Pessoas incapazes sequer de conceber que o presidente de um país como os EUA pode ser uminimigo infiltrado com o propósito de destruí-lo – assim como Leonardo DiCaprio o é na máfia irlandesa de Boston no filme “Os infiltrados” do Scorcese – nunca ampliaram o imaginário o suficiente para entender porcaria nenhuma.

12.

Quando escrevi sobre silicone, uma das minhas funções foi lembrar certos pontos que muitas mulheres fazem questão de não entender:

- Que cirurgiões plásticos são apenas especialistas médicos e parte interessada na venda do produto, de modo que seu discurso é geralmente LIMITADO e não raro de PROPAGANDA, o que naturalmente encobre certos aspectos, para muito além da medicina, que TODAS as consumidoras deveriam levar em consideração ANTES de tomar suas decisões (e sim: sei que há bons e seriíssimos cirurgiões, ok? Chega de mimimi);

- Que os homens não precisam entender bulhufas de implante para sentir ou não tesão em peitos de silicone;

- Que certos homens têm repulsa por peitos artificiais e muitos outros podem não sentir neles o menor tesão (e “desligam”, por assim dizer), ou sentem menos do que pelos naturais, ainda que possam sentir pela mulher (tanto o tesão quanto o amor) APESAR do silicone;

- Que, para muitos homens, portanto, peitos artificiais são um elemento negativo, de modo que eles só escolherão uma mulher siliconada para namorar ou casar caso ela seja a única disponível e interessada ou caso ela consiga ser melhor do que todas as outras para ele no CONJUNTO (e não estou falando só da parte física, é claro);

- Que, além disso, estética e tato, beleza e funcionalidade, olhar e apalpar/beijar/chupar são coisas distintas e, portanto, falar em “gostar” ou “não gostar” normalmente encobre as diferenças que a pergunta “Para quê?” poderia trazer à tona;

- Que há quem ache peitos siliconados, por exemplo, mais bonitos para ver, porém menos excitantes para tocar, sem contar os que não acham bacana em qualquer sentido;

- Que sentir-se desejada pode estar na raiz do desejo de ficar mais bonita, de sentir-se melhor consigo mesma ou de “elevar a autoestima”, e o problema é que ser desejada por TODOS OS HOMENS de longe – ou mesmo admirada pelas demais mulheres – se tornou mais importante na nossa época de supremacia da imagem do que ser desejada por UM só de perto, no dia a dia e na intimidade física, de modo que talvez valha a pena as mulheres pensarem se o tipo de homem que elas querem (ou o homem que elas têm) vai realmente se adaptar a isso;

- Que assim como há mulheres que dizem não estar nem aí para os homens e ficam repetindo chavões feministas sobre a desimportância da opinião deles, há homens que tampouco têm qualquer motivo para namorar ou casar com mulheres que pensam assim (ou mesmo para dar ouvidos a elas);

De resto: cada um faz o que bem entende, dentro dos limites da lei. E é obrigação de qualquer escritor ou intelectual cuidar para que cada um (pelo menos entre seus leitores) realmente entenda o que está fazendo e quais as possíveis consequências daquilo.

13.

As mulheres são engraçadas. Eu posso escrever 800 textos sobre o politicamente correto, a esquerda, o socialismo, Lula, Dilma, Maduro, Chávez, Obama, literatura, música, cinema, futebol, carnaval, confusão mental etc. e nenhuma delas pergunta o porquê da “psicose” com esses assuntos. Mas se faço 3 ou 4 posts sobre o implante de silicone e a displicência com que muitas delas tomam decisões definitivas sobre o seu corpo, aí tenho de explicar a uma porção delas por que sou “psicótico” com isso.

14.

Todos os assuntos em que a propaganda já contaminou a linguagem e os elementos para a tomada de decisão estão obscuros “merecem” ser analisados por um colunista/escritor, sobretudo se a tal decisão vem sendo tomada – se bem me lembro – por cerca de 150.000 mulheres por ano no país, muitos delas bem jovens ainda. Não dou a mínima para quem diz que o assunto é “desnecessário”, “bobo”, “irrelevante” etc., apesar de toda a repercussão que ele gerou na minha página do Facebook. Eu faço o que tem de ser feito.

15.

Peguei o panfleto do consultório do meu fisioterapeuta – que é meu amigo – outro dia e falei: vou ver se isto aqui é papo de propaganda, hein… Li tudo e disse: parabéns, vocês vendem o que fazem! Ele falou: se vem alguém com o joelho quebrado e eu posso consertar, eu digo que eu posso consertar o joelho, é só isso; se o sujeito vai melhorar a “autoestima” dele ou não quando voltar a correr, isso é lá com ele. Eu disse de novo: parabéns! Que raridade! No Brasil é assim: quando alguém diz que faz apenas o que faz, a gente sente até vontade de parabenizar… Há fisioterapeutas sinceros, assim como há cirurgiões. Mas a cirurgia, como já apontava Milan Kundera, faz muitos médicos se sentirem deuses – e boa parte deles começa a achar, nos casos específicos a que me refiro do silicone, que faz muito mais do que encher os peitos de quem pediu.

16.

A ironia no Brasil precisa de prefácio explicativo.

17.
A indireta, mesmo quando depreciativa, é a prova de amor mais covarde que existe, porque ela clama por uma atenção que não tem a coragem de pedir.

18.

Três coisas sobre cada ponto de discussão que eu gostaria que todo ativista respondesse separadamente, ao cacarejar, quer dizer, deixar um comentário no meu blog ou no meu facebook:

1) O que você entendeu do que eu disse?
2) O que significa o que você está dizendo?
3) Por que o que você está dizendo refuta o que eu disse?

Bom dever de casa, pessoal.

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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Tags: Brasil Urgente, cirurgia plástica, Datena, Dilma, ditadura, Eduardo Lobo Botelho, esquerda,golpe, intervenção militar, IPEA, Jandira Feghali, Jean Wyllys, Leonardo Sakamoto, marco civil,Nana Queiroz, pesquisa, PT, silicone, UFSC, USP


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22 COMENTÁRIOS


01/04/2014às 22:15 \ Cultura
O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…


[Sim, o texto é grande, mas tem história em quadrinhos para os militantes! Divirtam-se!]

Emocionado com o fenômeno de audiência do meu blog nos últimos dias, fiquei pensando em como eu poderia agradecer aos milhares de ativistas que divulgaram meus textos sobre a pesquisa fajuta do IPEA, com aquele jeitinho todo militante de ser, de quem realmente acredita refutar alguma coisa: “Olha o que o cara escreve!”, “Tinha que ser da VEJA!”, “Kkkkkkkkk”.

Acabei pensando o de sempre: eles querem que eu desenhe? Ok! Eu desenho.

Ou melhor: como também fui atacado, perdão, acusado de fazer uma grande “ginástica” para atribuir ao verbo “atacar” outros significados além daqueles que esses patriotas adoram porque comprovam todas as suas teorias prévias de que a população brasileira não presta mesmo (ainda que as três finalistas do Big Brother sejam mulheres, claro), decidi ilustrar o post com prints das manchetes virtuais que julguei mais interessantes para eles e que mostram o uso corriqueiro – imagine! – justamente dos significados que eu atribuí. Como são manchetes, não deixam de ser textos, mas creio que eles irão gostar da homenagem.

I.

Como era mesmo uma das frases polêmicas do IPEA? Ah sim:

MULHERES QUE USAM ROUPAS QUE MOSTRAM O CORPO MERECEM SER ATACADAS.


Sei que, a essa altura, os ativistas já pularam para as imagens, mas tenho de fazer um preâmbulo não muito delicado.

Olavo de Carvalho (ele mesmo) já alertava no artigo “O futuro da boçalidade”, na página 360 do nosso best seller “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota“:

Para desgraçar de vez este país, a esquerda triunfante não precisa nem instaurar aqui um regime cubano. Basta-lhe fazer o que já fez: reduzir milhões de jovens brasileiros a uma apatetada boçalidade, a um analfabetismo funcional no qual as palavras que lêem repercutem em seus cérebros como estimulações pavlovianas, despertando reações emocionais à sua simples audição, de modo direto e sem passar pela referência à realidade externa.

Há quatro décadas a tropa de choque acantonada nas escolas programa esses meninos para ler e raciocinar como cães que salivam ou rosnam ante meros signos, pela repercussão imediata dos sons na memória afetiva, sem a menor capacidade ou interesse de saber se correspondem a alguma coisa no mundo.

Um deles ouve, por exemplo, a palavra “virtude”. Pouco importa o contexto. Instantaneamente produz-se em sua rede neuronal a cadeia associativa: virtude-moral-catolicismo-conservadorismo-repressão-ditadura-racismo-genocídio. E o bicho já sai gritando: É a direita! Mata! Esfola! “Al paredón!”

De maneira oposta e complementar, se ouve a palavra “social”, começa a salivar de gozo, arrastado pelo atrativo mágico das imagens: social-socialismo-justiça-igualdade-liberdade-sexo-e-cocaína-de-graça-oba!

Não estou exagerando em nada. É exatamente assim, por blocos e engramas consolidados, que uma juventude estupidificada lê e pensa. Essa gente nem precisa do socialismo: já vive nele, já se deixou reduzir à escravidão mental mais abjeta, já reage com horror e asco ante a mais leve tentativa de reconduzi-la à razão, repelindo-a como a uma ameaça de estupro.

Recebi comentários de horror e asco de centenas, senão milhares, desses “milhões de jovens” descritos acima, muitos dos quais já bem adultos, exatamente como se eles repelissem (quase que duplamente, no caso) uma ameaça de estupro.

E quanto mais o sujeito é ativista de uma causa, como a luta contra o machismo, mais automática e instantaneamente se produz a cadeia associativa.

Ao ouvir que a maioria da população (o que é mentira: ver item III) concorda, parcial ou totalmente, que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas, a rede neuronal do ativista associa de imediato: “mulher-liberdade-vestir-ataque-violência-homem-agressão-estupro-culpa-sociedade-machismo”. E o bicho já sai gritando até na novela: “É reacionário!”, “Cultura do estupro!”, “Cultura machista!”, “Sociedade patriarcal!”, “Tira a roupa!”, “Faz campanha!”, “Eu não mereço!”…

Só há um pequeno detalhe, entre tantos outros: nem todo brasileiro faz essas associações imediatas diante dessas palavras, ainda que possa produzir cadeias associativas equivalentes diante de outras. Por exemplo: quando um flamenguista fanático ouve falar de Vasco da Gama (serei educado), pensa imediatamente: “Vasco-timinho-freguês-bacalhau-rebaixado-cocô-bosta-vai-tomar-no-(…)”. (Até você explicar que se refere à pessoa do navegador português demora um bocado e, mesmo assim, ele não terá tanta simpatia pela figura…)

Não é porque para o ativista (incluindo aí os pesquisadores do IPEA que escreveram o relatório final) a expressão “merecem ser atacadas” significa obviamente “estupradas”, ou pelo menos “agredidas” covarde e fisicamente por homens, que a expressão também será entendida deste modo pelos demais cidadãos de fora da sua patota.

O problema é que dizer isto, na cabeça dele, já é uma prova de reacionarismo-conservadorismo-repressão-ditadura-VEJA-lixo-desserviço-ao-país, mesmo que outros significados da palavra “atacar” estejam inclusive no dicionário, assim como em toda a mídia popular (e que ninguém tenha especificado sequer qual era o sexo daqueles que “atacam”).

CRITICAR

Eu mencionei o sentido óbvio de “criticar”, o que, mesmo entre aqueles que aceitaram a possibilidade de os entrevistados terem entendido assim, gerou mais polêmica ainda, porque, na cabeça desses ativistas, quando se fala em criticar “mulheres que usam roupas que mostram o corpo”, imagina-se de imediato algo como um grupo de homens reacionários-conservadores-repressores-ditadores-machistas passando sermão de dedo em riste ao vivo na rua para uma mulher qualquer que eles sequer conheciam antes do choque de vê-la assim vestida. Ou seja: algo que continuaria provando a grosseria machista e a “tolerância à violência sexual contra as mulheres”, senão a violência mesma.

Acontece que “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo” não são uma mulher específica seminua na esquina do metrô chamada, sei lá, Paula. São uma abstração, um grupo imaginário de pessoas. E, no sentido de “criticadas”, tanto se pode criticar alguém ao vivo cara a cara (e, neste caso, os entrevistados ainda podem ter imaginado apenas amigos íntimos da pessoa fazendo isso, ou mesmo os pais!, e não necessariamente todos os homens) quanto fazê-lo de maneira genérica e indireta, exatamente como a pergunta enuncia, e como todo mundo faz em relação aos tipos que – como direi? – “não curte”, incluindo os próprios ativistas em relação aos “machistas”, por exemplo. Então finalmente chegamos (“iupiiiiiii!”) à primeira figura! – um exemplo do verbo “atacar” usado como crítica genérica, o que é bastante comum na mídia brasileira:



Viram? Pois bem. Agora imagine se a frase da pesquisa para concordar ou discordar fosse a seguinte: “Homens machistas merecem ser atacados.”

Thiago Fragoso poderia concordar se supusesse o sentido de “crítica”, não é mesmo? Quantos que criticam agora a população pela resposta dada não concordariam totalmente com essa frase? Ainda mais se a recebessem do nada, após dezenas de outras aborrecidas, sem ter vivenciado a repercussão da pesquisa do IPEA… “Ah, Felipe, mas quando se fala em homem ‘atacado’ não é a mesma coisa!” Ah não? Só porque é mais difícil uma mulher abusar sexualmente de um homem o sentido que os ativistas deram deixa de existir? Mas e o de agredi-lo? E o de estapeá-lo em bando? Ok, dou de lambuja – a frase poderia ser até sobre elas:

“Mulheres machistas merecem ser atacadas.”

Essa certamente daria um “bug”, um “tilt” na cabeça das feministas…

(E repare como o sentido de “crítica/criticadas” soa mais óbvio, mais evidente, passa mais facilmente pela cabeça quando o objeto do ataque são pessoas cuja opinião ou comportamento você despreza. Para o cidadão comum, que pode ter lá suas críticas comportamentais a mulheres que andam seminuas, o sentido de crítica também é mais natural.)

Para as feministas, no sentido de crítica, as “mulheres machistas” merecem (e muito!) ser atacadas! (Como de fato foram!) E quantas, entre as pessoas menos radicais, não diriam que concordam apenas parcialmente que elas merecem ser atacadas, como que a depender do próprio sentido da palavra? Seria compreensível, aliás. Talvez até digno da parte delas. A concordância parcial, afinal, também é isto: um “olha, até concordo, mas depende…”.



Na pesquisa do IPEA, 22,4% dos brasileiros concordaram somente parcialmente com a frase“Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.” Podem ter pensado: “Olha, até concordo, mas depende…”, possivelmente querendo dizer: no sentido de estupradas ou agredidas, não; no de criticadas, sim…

Não estou dizendo que foi assim que pensou fulano ou beltrano, estou dizendo que isto é uma possibilidade que a má formulação da questão admite.

E esclareço: quem concorda totalmente não necessariamente acha que elas merecem (já tratarei dessa palavrinha vaga também) ser estupradas ou agredidas. Basta que os entrevistados tenham pensado apenas no sentido de “crítica” do verbo “atacar” e pronto: responderam assim. * Atenção! Esta pode ter sido até mesmo a questão 27(!!!) do questionário do IPEA, cujas “perguntas foram dispostas em ordem quase aleatória (não na ordem de apresentação neste documento), de forma a alternar os assuntos e perguntas negativas e positivas, para inviabilizar a entrada dos entrevistados em ‘modo automático’”, como o próprio relatório informa na página 28, sendo que, antes da seção específica com as 27 perguntas, ainda houve uma “parte inicial de caracterização socioeconômica dos respondentes” e ”alguns módulos fixos do SIPS (perguntas da iniciativa My World e sobre satisfação com a vida)”. Você teria ainda paciência para pensar em todas as consequências possíveis das suas respostas depois de dezenas de perguntas – possivelmente até 26 ou mais, se contarmos as prévias – de um pesquisador desconhecido na sua casa, em horário comercial? Pois é… Agora imagine se você fosse alguém de educação inferior, como os 63,8%(!!!) dos entrevistados que, segundo o próprio relatório do IPEA (p. 22), foram os que mais concordaram com isso. Pois é de novo!…

Entendo, contudo, que é um esforço psicológico muito grande para um ativista admitir que muita gente pode interpretar uma frase de maneira diferente da dele, isto é, da sua reação automatizada; mas sinto dizer: a frase também TEM este significado, que pode ser captado imediatamente pelo cidadão comum, sem ginástica alguma. (A única verdadeira ginástica que eu faço, cansativa, sem dúvida, mas muito divertida também, é para mostrar como um ativista pensa.)

E a propósito: dizer que um comportamento humano, qualquer que seja ele, merece ser criticado só é machismo em cabeça de ativista. Todo comportamento humano é passível de crítica e não há quem critique mais os outros (genérica e especificamente) do que os próprios ativistas. Não é intelectualmente honesto, portanto, fazer uma inferência moral, que dirá para a maioria da população brasileira, a partir de uma assertiva como aquela, com tal margem de interpretações. Caberia ao instituto formular questões mais precisas.

Se a frase fosse “Homens de regata merecem ser atacados“, a maioria da população também poderia concordar… Ainda mais se fosse “de regata e polchete”… Imagine então de “regata, polchete e calça jeans”…

Quando uma assertiva começa por enunciar um tipo de comportamento que o entrevistado não aprecia ou que lhe soe de mau gosto, ou diante do qual ele se sinta no dever de repudiar para parecer uma boa pessoa ao entrevistador, a tendência é que ele o repudie, principalmente se a forma de repúdio expressa no restante da assertiva não lhe causar impacto negativo maior do que o do comportamento inicial, que, por vir primeiro, tem mais peso. Por exemplo:

O entrevistado ouve “Homens de regata” e torce o nariz, depois “merecem ser atacados” e pensa: “ok! concordo!”, não só porque o sentido de “crítica” pode lhe ser natural, mas porque a cadeia associativa que ele faz da primeira parte (homem-regata-mau-gosto-cafona-exibicionista-ninguém-merece! etc.) pode ser mais pesada do que a que faz da segunda.

É bem diferente de quando ele ouve “Homens de regata” e depois “merecem ser ESTUPRADOS“, ou “espancados”, ou “mortos”, ou “assassinados”, porque desse jeito o entrevistado pode pensar: “Aí não, né… Aí também já é demais.”

Da mesma forma, a expressão “Mulheres machistas” soa inicialmente tão ruim que “merecem ser atacadas” pode não ter peso suficiente para gerar discordância. É bem diferente de ”merecem ser estupradas”, ou “espancadas”, ou “mortas”, ou “assassinadas”.

“Mulheres que usam roupas que mostram o corpo” pode não soar bem para a população e“merecem ser atacadas” nem de longe tem o peso de “merecem ser estupradas”, ou ”espancadas”, ou “mortas”, ou “assassinadas”, para gerar maior discordância.

Mas veja o que o próprio relatório do IPEA faz. Coloca esta frase seguida da outra que fala de estupro (repito: não foi assim no questionário real! a ordem era aleatória!) e…



…conclui em seguida, na página 23, fazendo inferência sobre o pensamento da população brasileira: “A mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar.”CUMA!??? (Pausa. Respira. Lê de novo.) Deu para perceber o tamanho da sem-vergonhice? Quem disse que a mulher merece ser ESTUPRADA? Quem disse que a mulher DEVE ser estuprada? Quem disse que o estupro é uma lição “para aprender a se comportar”? Eu digo quem: foram os responsáveis pelo relatório ideologicamente sem-vergonha do IPEA e todos os órgãos de mídia que divulgaram e potencializaram suas conclusões forçadas até o limite do ridículo, sem a menor análise de como se chegou até elas.

* Veja, para citar um exemplo entre milhares, como o Infográfico do Estadão agrupou as perguntas por tema, dando um título como “Estupro” a cada grupo delas. Fica parecendo que o questionário respondido pelos entrevistados era assim também e que eles sabiam que estavam falando de estupro ao responder a questão sobre se “merecem ser atacadas”. Não sabiam não! Essa pergunta apareceu para eles misturadas com outras dos demais temas. Isto não é “OPINIÃO PÚBLICA”, como diz a imagem. Isto é OPINIÃO DO IPEA e do ESTADÃO.



E acredite: esta notícia chegou até a Dinamarca! (Uma leitora me mandou a tradução.) Agora o mundo inteiro despreza a suposta crueldade “machista” da população brasileira.

Mas vamos a mais uma figurinha especial (“viva!”) para a turma sem preconceitos, com um “ataque” tão genérico quanto o da pesquisa do IPEA:



Frases possíveis: “Mulheres lésbicas que falam com quem se deitam merecem ser atacadas.” “Homens gays que falam com quem se deitam merecem ser atacados.” A população seria homofóbica se concordasse com essas assertivas? O Gianecchini seria homofóbico se concordasse com isso? Tá Serto…

[Para quem precisa de legendas: o que está em jogo não é o ódio e o desejo de violência contra homens ou mulheres gays, mas a crítica genérica àqueles que saem por aí falando de seus parceiros sexuais. O cidadão comum, ou o Gianecchini, pode achar isso um despudor, por exemplo, o que não faz dele um homofóbico de maneira alguma, por mais que os ativistas também possam criticar quem acha um despudor falar essas coisas. Transformar qualquer crítica genérica a um tipo específico de comportamento em preconceito (ou machismo) é coisa de militante mesmo, que, repito, faz a mesma coisa com os tipos que despreza.]

Agora alguns exemplos bastante comuns do verbo “atacar” no sentido de “criticar”, direcionado a pessoas específicas, o que lhe confere um peso maior, é claro, que estava ausente na frase da pesquisa:





Mundo engraçado este em que todo mundo ataca todo mundo, e ninguém é estuprado, nem acha que ninguém merece sê-lo, não é mesmo? O mais engraçado é que esse mundo é o Brasil. Aquele da pesquisa… Mas vamos para a frase da vez: “Mulheres que detonam o Justin Bieber merecem ser atacadas.” Concorda? Discorda? Parcialmente? Totalmente? Neutro?… Oh, que malvada seria a população brasileira se dissesse ‘sim, eu concordo totalmente! principalmente se for a Xuxa’!… (Legenda: Qualquer um poderia dizer que a população brasileira tem um péssimo gosto musical por isso, mas não que é preconceituosa, que deseja a violência, muito menos que as mulheres que detonam o Justin Bieber merecem e devem ser estupradas para aprender a ter um gosto musical melhor. Ah, o IPEA!…)

No print abaixo (“mais uma figurinha!”), o verbo “atacar” parece ganhar um sentido venenoso de “tentar ferir emocionalmente” (mas, no fundo, ainda é uma crítica):



XAVECAR etc.

Também mencionei em artigo anterior o sentido de “xavecar”, de tentar a sorte sexual ou amorosa de forma até mais incisiva, mas nem por isso necessariamente deselegante ou sem educação – e vieram dizer que essa interpretação é só de jovem, dos meus “amigos de noitada” e outras bobagens. Ainda que fosse só de jovens, eles eram 28,5%(!!!) dos entrevistados do IPEA. E obviamente não é coisa só deles. Isto é a linguagem da cultura popular. A linguagem das novelas, das celebridades, da indústria do entretenimento, das pessoas comuns em suas conversas com os amigos: a linguagem sobretudo das babás, das faxineiras, das empregadas domésticas, que são boa parte das pessoas que estavam em casa em horário comercial, sendo entrevistadas pelo sistema falho do IPEA, sobre o qual já falarei no item III. Eis, entre milhares, alguns exemplos de “atacar” neste sentido:



Alguém foi estuprado nos episódios acima? Agredido? Não, né. Pois é. “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”? Neste sentido de xaveco, não há mal algum em “merecer”. Enquanto o ativista associa “mulheres que usam roupas que mostram o corpo” a “mulheres-livres-para-se-vestir-do-jeito-que-quiserem-e-serem-felizes-como-desejem-sem-ser-oprimidas-por-homem-nenhum-nem-pela-sociedade”, o homem comum pode imaginar simplesmente mulheres atraentes de minissaia diante das quais ele sente desejo de tentar a sorte e/ou acha que outros sentirão. E a mulher comum pode imaginar simplesmente que uma mulher assim vestida “merece ser xavecada” pelos homens, sem que isto signifique qualquer violência contra ela.

Possivelmente, ela mesma, quando quer ser xavecada, se veste de uma forma menos coberta, não porque a sociedade é “machista”, mas porque é natural que isto atraia mais os olhares dos homens, atiçando seus desejos e sua vontade de lhe dirigir a palavra, muitas vezes sem cometer qualquer deselegância. Quantas mulheres não colocam uma roupinha mais ousada para atrair mais a atenção? Neste sentido, portanto, ela pode pensar que MERECE mesmo ser atacada quando é OUSADA assim, a ponto até de achar ruim não ter sido! Até porque um dos significados de MERECER é justamente “SER DIGNO DE”. Sei que isto (essa coisa estranha chamada idioma) parece loucura para um ativista desacostumado a pensar fora da sua caixinha de azeitona, ou para qualquer um que não tenha conhecimento da linguagem para além do seu meio social imediato, mas é uma das várias interpretações possíveis – e consagradas pelo uso! – que o cidadão comum pode fazer de imediato daquela frase. (Se tiver visto alguma novela no dia, então, há mais chances de fazê-la mesmo…)

Imagine se as questões fossem:

Kayky Brito com pouca roupa merece ser atacado.

Brunno Camargo com pouca roupa merece ser atacado.

Caio Castro com pouca roupa merece ser atacado.

Segurança do metrô merece ser atacado…

Boa parte das mulheres decerto concordaria totalmente, sem nem pensar em agressão, não é mesmo? Apenas em xavecar e tietar – ou mesmo em conquistar sexualmente. Sim, eu sei, os galãs são homens. Substitua por uma mulher, então: “Bruna Marquezine com pouca roupa merece ser atacada.” Não parece natural que boa parte dos homens (e até das mulheres que a admiram) concorde, sem pensar em agressão nem estupro, mas em tietagem, xaveco ou tentativa de conquista sexual? Ainda que pense em ataque sexual, ele poderá concordar, com certo humor automático, de tão inalcançável e fantasioso que aquilo lhe parece.

O verbo “atacar” aí soa facilmente como xavecar, tietar ou tentar conquistar. ”Ah, mas nome de galã ou beldade é coisa bem diferente de ‘Mulheres que usam roupas que mostram o corpo’!” Ah é? Mas como você sabe que tipo de mulher os entrevistados imaginaram? E como você sabe que as entrevistadas mulheres não pensaram apenas em xavecos? Tudo é possível nas questões vagas do IPEA.

Há ativistas radicais que querem porque querem que as mulheres menos cobertas nem sequer “mereçam” (palavra, repito, que também tem os sentidos de “ser digna de”, “atrair sobre si”…) ser mais xavecadas que as outras, mas o fato de elas serem só tem a ver com “machismo” em suas histéricas cabecinhas! Isto tem a ver é com chamar mais atenção e despertar maior desejo nos homens. É evidente que uma mulher de burca no Brasil vai chamar menos a atenção do que uma de biquíni, e é evidente que a de biquíni tende a ser mais XA-VE-CA-DA. Uma mulher é tanto mais, para usar outra palavra, PAQUERADA quanto mais atenção atrai sobre si; e, não sei se os ativistas sabem, mas, fora os casos de estupro, para que eles mesmos tenham nascido, papai precisou em algum momento ATACAR mamãe neste sentido, ou mamãe precisou ATACAR papai, não é mesmo? Ou será que os ativistas vieram amarradinhos no bico da cegonha?

Sei que os radicais acham até o “fiu-fiu” uma prova de machismo, só falta agora querer impedir as reações quase que automáticas diante de uma mulher seminua: “Uau!”, “Que isso!”, “Nossa!”, “Meu Deus!”, “Jesus!”, “Ah, que pecado!”, “Assim você me mata”… Que algumas queiram impedir o “Cruz credo!”, vá lá: a gente até entende… Mas, mais um pouco e vamos proibir as pessoas de rirem do que acham engraçado sob acusação de preconceito; e todas as reações instintivas serão estranguladas pelas leis, para manter o cidadão preso dentro de si. Que bela contribuição para o “pogréçu” da espécie!

A FARSA – “Atacar” como sinônimo de “estuprar”

Mas retomo: os pesquisadores do IPEA e toda a mídia consideraram “atacar” como sinônimo de “estuprar”, como se até mesmo no sentido de violência do verbo não houvesse várias formas possíveis para além da sexual, como a violência física, a psicológica, a patrimonial e a moral, enumeradas na própria L. n. 11.340/2006, como lembrou o professor de Direito Penal Francisco Ilídio Ferreira Rocha (Doutor pela PUC-SP), após observar, como eu fiz desde o primeiro dia, outros sentidos do verbo polêmico.

Para o professor Francisco, que resolveu estudar o relatório após ler o meu blog, “a pesquisa se utiliza de sentenças vagas, interpreta equivocadamente dados, falha em inter-relacioná-los e parte de uma interpretação ideologicamente orientada”. Escreve ele, na mesma linha dos meus artigos (os grifos são meus):
(…) os pesquisadores, indevidamente, consideram que o verbo “atacar” é um sinônimo de agressão sexual e sustentam que a maioria dos entrevistados concorda que uma mulher vestindo roupas provocantes mereceria o estupro. Uma conclusão completamente divorciada das respostas coletadas.

Aliás, tal interpretação de “atacar” como “estuprar” parece ser demasiado contraditória quando verificadas outras respostas na própria pesquisa:

a) 91,4% concordam que o homem que bate na esposa deve ir para a cadeia;

b) 82,1% discordam que a mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos;

c) 68,1% reconhecem que é uma violência falar mentiras sobre uma mulher para os outros;

d) 89,2% discordam que o homem pode xingar ou gritar com a própria esposa.

Destaca-se que noutro estudo, quando perguntado ao brasileiro “se uma pessoa foi infiel ao seu(ua) parceiro(a) ele(a) mereceria apanhar” a discordância absoluta alcançou notáveis 70,9%. Ninguém concordou totalmente com tal licença à violência.


Lembram quando eu falei sobre o pensamento: “Aí, não! Aí também já é demais…”? Pois é.

Ou seja, considerando respostas de outras questões e outras pesquisas, existe um repúdio à violência contra a mulher, inclusive àquelas agressões verbais e morais. Nestes termos, não parece ser razoável supor que as mesmas pessoas que repudiam a violência contra a mulher nestas questões, defendam o estupro noutra.

Parece ser certo que se o termo “atacar” fosse substituído pelo “estuprar” o número de concordantes seria significativamente menor. Lamentavelmente não seria nulo.

Parece ser certo, também, que se os ativistas estudassem o idioma antes de entrar no debate público, o número deles seria significativamente menor. Lamentavelmente não seria nulo.

II.

SE AS MULHERES SOUBESSEM COMO SE COMPORTAR, HAVERIA MENOS ESTUPROS

Só de aperitivo para esta questão, vale o comentário de Douglas Henrique Marin dos Santos, o Procurador Federal da AGU, Graduado pela USP, Especialista em Direito pela Unesp, Mestrando em Direito pela Universidade do Porto (Portugal) e Doutorando em Ciências pela Unifesp, que também criticou a metodologia do IPEA nesta e noutras pesquisas e a falta de validação de questionários (questionnaire validation). Diz ele:

A afirmação mais controversa do estudo assim se apresenta: “Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”. Reparem que é natural que as assertivas que estabeleçam causa e efeito sejam, em um primeiro momento e instintivamente, respondidas positivamente. Veja o seguinte exemplo: “Se o Palmeiras tivesse um ataque mais organizado teria ganho o campeonato” tende a ser respondido com uma concordância ou com uma concordância parcial, porque simplesmente aparenta ser uma afirmação bastante verdadeira.

Mas isto é apenas mais um motivo para desconfiança. Para que esta parcela mínima de ativistas curáveis se sinta ainda mais idiota por ter sido tão enganada pela propaganda do IPEA e da mídia, transcrevo (com grifos meus) a análise impecável do mesmo professor de Direito Penal Francisco Ilídio Ferreira Rocha, lembrando que seu texto trata também dos absurdos relativos às frases ”TODA MULHER SONHA EM SE CASAR” e ”TEM MULHER QUE É PARA CASAR, TEM MULHER QUE É PARA LEVAR PARA CAMA”.

Repito a que está em pauta:

SE AS MULHERES SOUBESSEM COMO SE COMPORTAR, HAVERIA MENOS ESTUPROS



Talvez um dos pontos da pesquisa que mais gerou polêmica, resume-se a este. Segundo os pesquisadores, tais números permitiriam a seguinte conclusão:

“A culpabilização da mulher pela violência sexual é ainda mais evidente na alta concordância com a ideia de que ‘se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros’ (58,5%). Por trás da afirmação, está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então, as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, e não os estupradores. A violência parece surgir, aqui, também, como uma correção. A mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar. O acesso dos homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem barreiras, como se comportar e se vestir ‘adequadamente’”.

Mais uma vez, respeitosamente, discordo das conclusões dos pesquisadores, uma vez que é verdadeiro que se as mulheres soubessem se comportar, de fato, existiriam menos estupros. Calma, calma, calma. Antes do apedrejamento, deixem-me explicar minhas razões.

Segundo estudos de vitimologia, é possível destacar 10 (dez) fatores que implicam em diferentes níveis de vitimização ou seja, 10 (dez) diferentes componentes que, conforme o caso, aumentam ou diminuem os risco de tornar-se em uma vítima. São eles, sinteticamente:

a) Oportunidade: que é intimamente relacionada com as características dos potenciais alvos, especialmente suas atividades e comportamento;

b) Fatores de risco: particularmente aqueles elementos demográficos, como idade, gênero, local de residência, ausência de protetores, etc;

c) Ofensores motivados: Quando o criminoso ataca um particular grupo de vítimas, como é o caso de crimes motivados por discriminação de gênero ou por racismo;

d) Exposição: A colocação em situações de proximidade com potenciais criminosos ou em situações de periculosidade aumentam as possibilidades de vitimização;

e) Associação: A relação pessoal, profissional ou social com potenciais criminosos aumenta a chance de tornar-se uma vítima por proximidade;

f) Locais e horários perigosos: As possibilidades de se tornar uma vítima também decresce ou se incrementa conforme as condições de tempo e lugar. Frequentar determinados espaços públicos em determinados horários pode, muito bem, aumentar as chances de vitimização;

g) Comportamentos perigosos: Isso porque certos comportamentos, como a provocação, podem implicar em aumento do riso de violenta vitimização enquanto outros comportamentos como negligência podem aumentar as possibilidades de vitimização patrimonial, por exemplo;

h) Atividades de alto risco: Por exemplo, certas ocupações, como a prostituição, carregam em si um alto potencial para a criminalização violenta. Policiais, também, estão expostos aos riscos inerentes à atividade;

i) Comportamento defensivo: A tomada de precauções relativamente simples podem muito bem diminuir as chances de vitimização. Andar em grupo, proficiência em métodos de defesa pessoal, podem diminuir as possibilidades de agressão;

j) Marginalização: A marginalização de determinados grupos sociais, especialmente minoritários, podem deixar os indivíduos pertencentes à tais categoriais, especialmente expostos à possibilidades de vitimização.

Para melhor ilustrar as variáveis acima, tomemos como exemplo os cuidados recomendados na prevenção de crimes patrimoniais. Neste caso pouquíssimos desafiariam o bom senso e a prudência de alguns conselhos básicos como não deixar bolsas ou mochilas desacompanhadas, usar cadeados em bicicletas ou evitar ostentar um celular em certas localidades e em determinados horários. Tratam-se todos os conselhos acima de diretrizes comportamentais que qualquer pessoa pode tomar para si com o escopo de diminuir as possibilidades de vitimização.

Aliás, é de se notar que em um país de “espertos”, não raro, as vítimas são reconhecidas nalguns casos como “trouxas” ou “otários”. Chama-se a atenção para aquela pessoa que deixa o celular completamente sem vigilância em uma mesa de bar enquanto vai ao banheiro. As chances de ser vitimado por um crime patrimonial são sensivelmente incrementadas pelo próprio comportamento negligente do proprietário. Não é raro nestes casos, quando eventualmente ocorre o furto, que inclusive amigos da vitima a censurem por ter sido tão descuidada. Evidentemente, isso não significa que a pessoa mereceu ser vitimada, porém, a falta de cuidado com seus próprios interesses é visto como uma ingenuidade censurável. Foi o que aconteceu, para destacar um caso de considerável repercussão, com Luciano Huck que foi assaltado quando trafegava em seu veículo usando um rolex. Muitos o criticaram por ostentar um relógio caríssimo em uma cidade deveras perigosa. Não se trata de afirmar que a culpa é da vítima. A censura aqui é por não proceder a cuidados elementares que poderiam preservar não somente o patrimônio, mas também a integridade física e até a vida do vitimado.

Nestes casos, portanto, dizer que eles mereceram o acontecido não implica dizer que existiria um dever moral de praticar crimes contra estas pessoas. Não se trata de desculpar o malfeitor, mas de criticar a vítima por não reconhecer a importância de preservar seus próprios interesses.

[Felipe Moura Brasil comenta: está aí muito bem desfeita parte da confusão em torno do verbo "merecer", que os ativistas, obviamente, só veem pelo lado mais cruel.]

A ideia de que é possível diminuir o perfil de vítima é aplicado perfeitamente na prevenção de crimes sexuais. Nestes termos e observando as variáveis acima, é de se reconhecer que alterando determinados comportamentos, qualquer pessoa, homem ou mulher, pode diminuir seu perfil de vítima, mitigando sua vulnerabilidade. Nestes termos, saber se comportar é, justamente, não se comportar de forma a aumentar as possibilidades de vitimização.

Exemplos de comportamentos que diminuem as possibilidades de vitimização sexual da mulher:

a) Não deixar copos de bebidas desacompanhados ou não aceitar bebidas de estranhos, evitando o famigerado estupro por violência química, vulgarmente conhecido por “boa noite, cinderela”;

b) No caso de menores de idade, especialmente crianças, não conversar ou confiar em estranhos, seja na rua, seja na rede mundial de computadores. Tal comportamento defensivo evitaria muitas situações de crimes de estupro de vulneráveis e de exposição de imagens eróticas;

c) Zelar pela privacidade evitando expor informações de sua vida particular em redes sociais. No caso de ofensores motivados, a internet por funcionar como uma importante fonte de informações que aumentam o perfil de vulnerabilidade do alvo;

d) Evitar situações no qual permanece-se sozinha com pessoas desconhecidas em ambientes fechados ou locais ermos; e

e) No caso de assédio sexual no ambiente de trabalho, é recomendado, nalguns estudos sobre prevenção, que a vítima evite roupas reveladoras ou impróprias ao desempenho da atividade profissional.

É evidente que a apresentação sintética de algumas precauções, como são as citadas anteriormente, não esgotam o rol de possibilidades defensivas para diminuir as possibilidades de ser vitimada por um crime sexual, nem mesmo evitam por completo a possibilidade de um estupro, especialmente considerando crimes passionais ou um agressor altamente motivado. Também é certa a injustiça de um mundo no qual uma pessoa é forçada a mudar sua rotina para evitar ser brutalizada por criminosos. Entretanto, deixar de reconhecer que vivemos numa sociedade perigosa e não tomar providências simples e eficazes que aumentam a segurança pessoal é de uma ingenuidade ou temeridade sem tamanho. Nesta esteira, trata-se de um enorme desserviço à prevenção dos crimes sexuais aquelas ações e discursos que afirmam que a mulher não deve alterar seu comportamento, pois tal discurso, em verdade, afirma que a mulher não deve se preocupar e/ou tomar providências contra os horrores que podem, injustamente, lhe atingir.

Em suma: A modificação da rotina e do comportamento de uma pessoa pode diminuir a vulnerabilidade individual e, por consequência, mitigar as possibilidades de tornar-se vítima. Neste sentido, portanto, é correto afirmar que se a mulher souber se comportar, o número de estupros possivelmente diminuirá.

Perfeito. Os ativistas já podem tirar o sorvete da testa.

III.

Por fim, o doutor em economia Adolfo Sachsida – que algumas semanas atrás participou de um hangout com meu vizinho de blog Rodrigo Constantino sobre outros assuntos – mostrou como o SIPS (Sistema de Indicadores de Percepção Social) usado pelo IPEA é falho.

Ele resumiu assim em seu blog:
(…) a AMOSTRA DA PESQUISA NÃO PODE SER EXPANDIDA PARA O BRASIL. A amostra que baseou o estudo do IPEA (SIPS) sofre de viés de seleção amostral. Essa amostra NÃO serve para se fazer inferências para a população brasileira. Eu já fiz um vídeo explicando isso. A amostra da SIPS entrevista as pessoas em casa durante o horário comercial. Isso acaba tirando a aleatoriedade da mesma. Afinal, existe um padrão estatístico para pessoas que estão em casa, em dias de semana, no horário comercial, diferente do padrão do restante da população. Te pergunto: durante a semana você está em casa durante o horário comercial? Você verá que, numa ampla gama de casos, quem está em casa nessa hora são empregadas domésticas, faxineiras, babás e afins. Ou seja, a pesquisa SIPS acaba sobre-representando pessoas com tal característica na amostra. Prova disso é que 66% dos entrevistados eram mulheres, participação feminina bem acima da participação delas na população geral.

Eis o vídeo. Transcrevo em seguida a parte principal, lembrando que Adolfo Sachsida fala espontaneamente, lembrando frases de cabeça, o que gera algumas imprecisões eventuais. No fim, de passagem, em parte que não transcrevi, ele estranha a resposta sobre a questão do “merecem ser atacadas”, mas o leitor que chegou até aqui neste post já sabe que ela, também, era absurda – e já está preparado para avaliar com o que concorda, afinal.




Eu conheço mais ou menos essa base de dados. Essa pesquisa do IPEA foi feita com base numa [metodologia de] pesquisa chamada SIPS [Sistema Integrado de Percepção Social]. (…) Meu ponto aqui é o seguinte: tem gente lendo essas entrevistas da maneira errada, tem gente colocando resultado que não está nessas entrevistas. Então olha só: eu já tive uma experiência com a SIPS. Coisa de um ano atrás, mais ou menos, me chamaram pra participar da SIPS, eu fiquei superfeliz, por quê?

Porque é a chance de você construir um banco de dados. E aí eu bolei um bando de dados para replicar um estudo da American Economic Review, que era o quê? Era um estudo para verificar a probabilidade de as pessoas terem arma de fogo em casa. Fiquei feliz da vida. Aí fizeram o estudo. Aí quando eu rebebi os dados, eu comecei a trabalhar neles… Cara! Com uma hora, uma hora e meia trabalhando nos dados, eu comecei a checar coisas normais que você faz quando você mexe com estatística.

Aí eu fui atrás tentar saber o que é que estava acontecendo. Qual que era o problema meu? Tinha mulher demais na minha pesquisa! Quando você faz uma pesquisa aleatória, mais ou menos a participação de cada grupo dentro da amostra tem que bem ou mal corresponder à participação desse grupo na população geral. É por isso que se faz desenho amostral. Só que, cara, tinha mulher demais na minha amostra, daí eu falei: não, tem algo errado com isso aqui. E aí, na minha época, um ano atrás, eu descobri algo errado.

A SIPS, ela entrevista a pessoa dentro da casa dela. Só que em horário comercial. Cara, pra quem não é acostumado em estatística, quando você faz uma amostra, essa amostra tem que ser aleatória, ou seja, ela não pode ter uma característica que gera algum processo de distribuição que mude a probabilidade de você ser sorteado pra responder… Eu tô confundindo aqui [vocês], mas quem entende de estatística sabe do que eu estou falando. As pesquisas têm que ser aleatórias.

A SIPS, quando ela vai na casa da pessoa em horário comercial, isso não é mais aleatório. Eu pergunto pra você que está me ouvindo: você estava na sua casa hoje em horário comercial. Não tava! Praticamente ninguém está na sua casa em dia de semana em horário comercial. Então, quem é que está em casa em dia de semana em horário comercial? Eu vou dizer pra você: é a babá, é a faxineira, é a sua empregada e, às vezes, você. Bom, eu fui olhar a SIPS atual agora…

Então, na minha época, eu parei o estudo. Eu falei: ó, não dá para usar a SIPS para fazer esse estudo de arma de fogo. Por quê? Porque a amostra não está aleatório, isso aqui não está certo. Passou um tempo, me chamara pra participar de outra SIPS sobre percepção de imigração. Eu escrevi um e-mail – eu registrei! -, dizendo por que eu não concordava em usar a SIPS e ressaltando os problemas amostrais. Então, o que é que eu estava falando? Tem que tomar muito cuidado para divulgar resultado da SIPS.

Por quê? Porque o desenho amostral dela não é o desenho amostral que as pessoas estão querendo fazer inferência. Então hoje está lá manchete em tudo quanto é jornal: “IPEA mostra que a população brasileira é machista”. Cuidado! Não dá para inferir dessa pesquisa resultado sobre a população brasileira. Por quê? Porque você fez uma pesquisa que está entrevistando as pessoas dentro de casa em horário comercial. Antes de eu fazer esse vídeo, eu fui dar uma lida na pesquisa.

Adivinha o que acontece de novo? 66% das pessoas que responderam a entrevista são mulheres, entenderam? Eu vou repetir: 66% das pessoas que responderam a entrevista são mulheres. Cara! A participação da população feminina na população brasileira não é de 66%. Então você logo vê que o mesmo problema antigo que tinha na SIPS continua. Aí eu fui dar uma outra olhada: raça, ou seja, cor. Meus amigos, 60% das pessoas que responderam a pesquisa são não brancos. Até mais, tá? [Na verdade, são 61,3% não brancos; e 38,7% brancos]

Resumindo: nós tivemos 66% de mulheres e mais de 60% de não brancos respondendo a essa pergunta, entenderam? Quem é que é mulher e não branco, e está em casa em horário comercial? É a empregada doméstica, é a faxineira, é a babá… É claro: tem outros também! Mas eu estou falando o seguinte: você está supra-representando uma população! Então você não pode fazer inferência para a população brasileira como um todo, como alguns jornais estão fazendo.

Outra coisa: eu li a pesquisa. Nessa pesquisa, 91% das pessoas dizem que homem que bate em mulher tem que ir pra cadeia, tem que ir preso! Bicho: como que uma população – 91%! – que diz que homem que bateu em mulher tem que ser preso… Você vai me dizer que essa população é machista, cara!? Tá complicado… Aí, tão fazendo um escarcéu danado em duas perguntas…

Cara, essa SIPS, eu acho que tem 27 perguntas. Em 25 perguntas, você vai ver que o homem brasileiro, que a mulher brasileira, que a sociedade brasileira NÃO TOLERA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Na esmagadora maioria das respostas, não existe tolerância à violência contra a mulher. Você [os entrevistados] quer que homem que bata em mulher seja preso, você não aceita um homem xingar uma mulher…

Então isso mostra uma sociedade que de maneira alguma é machista. Agora: tem duas perguntas lá que a imprensa está dando destaque. A primeira é a seguinte: uma mulher que se veste de uma maneira inadequada, ela está estimulando a agressão? Uma parcela significativa dos entrevistados disse que sim: que a mulher, quando se veste de maneira inadequada, ela está estimulando a agressão. Bom, você pode ler isso como sinal de que a sociedade brasileira é machista: “Tá vendo? Só porque a mulher está se vestindo aí de uma maneira um pouco mais à vontade, as pessoas dizem que ela merece ser estuprada!” Isso é uma leitura. Isso realmente é errado, se as pessoas estão pensando isso.

Agora tem outra maneira de ler esta questão. Veja: imagina uma mulher de calça jeans, imagina uma mulher de minissaia. Qual mulher é mais fácil de ser estuprada? Isto não é uma questão de opinião. Isto não é o Adolfo que está falando. Isso é uma questão fatídica. É um fato. Uma mulher que está usando calça jeans, fisicamente é mais difícil de ela ser violentada do que uma mulher que está usando minissaia. Isso não quer dizer que eu concorde que alguém deva mexer com uma mulher só porque ela está usando uma minissaia. Não, de maneira alguma, discordo, eu desprezo completamente quem faça isso. Mas a pergunta…

Se você perguntar pra mim: “Adolfo, uma mulher que se veste de tal maneira, ela estimula a agressão sexual?” A resposta é óbvia: é claro que sim! Por quê? Porque, para o agressor, é muito mais fácil agredir uma mulher sexualmente que está usando do que uma mulher que está usando calça jeans. Isto não é que eu concorde com o agressor, de maneira alguma! Mas isso é um fato.

Então boa parte dessa resposta que chocou as pessoas pode estar refletindo não um grau de machismo da população brasileira, mas uma constatação básica. Que, quando uma pessoa está usando jaqueta e calça jeans, é mais difícil ser estuprada do que quando está usando minissaia e um bustiê. Isso não quer dizer que eu concorde. Se você perguntar pra mim: “Adolfo, o fato de a mulher estar usando menos roupa facilita o estupro?” É claro que facilita! É um fato físico! Então, gente, muito cuidado com o que vocês estão vendo na imprensa!

Aliás, não é a primeira vez que o IPEA solta uma pesquisa [suspeita], sabe… Há pouco tempo soltou uma pesquisa dizendo que negros eram mortos só porque eram negros. Essa pesquisa está errada! Está errada! Eu vi a pesquisa. Cara, não vou nem discutir aqui, para não falar mais. Mas essa pesquisa que diz que negro no Brasil é assassinado só porque é negro… [Isto] pode até ser verdade, mas a pesquisa está errada! Aquilo que está ali publicado está errado. A conclusão, pelo menos. A parte econométrica está certa. A conclusão é que está errada.

Mas enfim: essa pesquisa da SIPS que o IPEA fez de violência doméstica, dá para notar que a sociedade brasileira está totalmente contra a violência a mulher! A sociedade brasileira despreza o homem que xinga a mulher, a sociedade brasileira está desprezando a pessoa que bate na mulher. Mas tem uma pergunta lá que dá uma leitura um pouco confusa e que está dizendo aí que o brasileiro, ele aceita que a mulher é culpada da violência sexual. (…)

UFA. Artigos anteriores:
- Reportagem, não! Fantástico faz propaganda da campanha “Eu não mereço ser estuprada” e da pesquisa do IPEA
- Estupro? Machismo? Culpa? Levante a plaquinha: “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA!” E mais: maioria defende pena de morte ou prisão perpétua a estupradores!
- A culpa do estupro não é da mulher, mas a da confusão é da pesquisa do IPEA! Essa, sim, merece ser “atacada”!

* Parágrafos acrescentados ou editados com mais informações horas após a publicação deste artigo.

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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PS: A moderação dos comentários atrasou nesta terça, mas será feita agora. A propósito: Se os ativistas soubessem se comportar, haveria mais aprovações…

Tags: Adolfo Sachsida, atacadas, culpa, Daniel Cerqueira, Douglas Henrique Marin dos Santos, estupro,Francisco Ilídio Ferreira Rocha, IPEA, machismo, merecer, mulher, Nana Queiroz, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, Olavo de Carvalho, pesquisa, relatório, violência sexual


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31/03/2014às 15:23 \ Cultura
Hoje tem Rodrigo Constantino no Fashion Mall, no Rio. Amanhã, Flavio Quintella lança “Mentiram (e muito) para mim”, no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo


A agenda reaça cada vez fica mais cheia. Hoje tem mais uma edição do Fashion Mondays, a extraordinária série de palestras gratuitas na Livraria Cultura do São Conrado Fashion Mall, no Rio de Janeiro, com curadoria do meu agora colega de editora Alexandre Borges, autor recém-contratado pela Record.

Depois dos bate-papos com Guilherme Fiúza e Fábio Giambiagi, meu vizinho de blog na VEJA Rodrigo Constantino vai falar das “Perspectivas políticas e econômicas do Brasil”, a partir das 20 horas, dessa vez no teatro do segundo andar. Alexandre também me convidou para falar no painel de política e redes sociais, mas fui obrigado a recusar por absoluta falta de tempo, já que, além do blog, tenho outros projetos editoriais em andamento. De todo modo, tentarei marcar presença ao menos na plateia.

Amanhã, em São Paulo, é a vez de Flavio Quintella lançar pela VIDE Editorial, com orelha escrita pelo próprio Constantino, o livro ”Mentiram (e muito) para mim“, que, como se pode imaginar, passa o rodo nos embustes esquerdistas em que muitos brasileiros ingênuos até hoje acreditam… Dezenove mentiras ouvidas e lidas nas escolas, universidades, jornais, revistas e programas de televisão são esmiuçadas, até que, em lugar da vigésima, Quintella finaliza com uma farta dose de verdades.

O lançamento no Rio de Janeiro é quinta-feira, às 19 horas, na mesma Livraria Cultura do Fashion Mall. Como diz o prefácio do jornalista Paulo Eduardo Martins, que aliás acaba de ter uma despedida emocionante no Jornal da Massa, do Paraná: “É um trabalho capaz de fazer o sujeito tirar o sorvete da testa ou até parar de babar na gravata. Pegue o lenço e boa leitura.”

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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Tags: Alexandre Borges, Fashion Mall, Fashion Monday, Flavio Quintella, Livraria Cultura, Mentiram (e muito) para mim, Rodrigo Constantino, Shopping Pátio Higienópolis


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31/03/2014às 3:42 \ Cultura
Reportagem, não! Fantástico faz propaganda da campanha “Eu não mereço ser estuprada” e da pesquisa do IPEA


O Fantástico, conforme o esperado, não fez reportagem. Fez propaganda da campanha “Eu não mereço ser estuprada” e da pesquisa do IPEA, sobre as quais já escrevi dois artigos. Os responsáveis pela primeira, Nana Queiroz, e pela segunda, Daniel Cerqueira, fizeram os papeis de “delegada” e “criminalista”, orientando as mulheres sobre denúncias e culpas.

A “matéria” completa está aqui.

As ameaças virtuais de estupro a Nana (e a “centenas” de mulheres que aderiram à campanha) ganharam destaque, sem que nenhum potencial estuprador tenha sido identificado para além de imagens obscuras de internet, nem qualquer investigação concluída. Nana pode até ter sido ameaçada de fato, o que é terrível, mas “ninguém merece” um programa de TV que sai por aí divulgando ameaças virtuais que reforçam a própria campanha da suposta vítima, sem ter a certeza – e demonstrá-la ao público – de que não se tratam de ameaçadores fakes, criados ou não por ativistas interessados, ainda que sem o conhecimento da criadora da campanha.

Para a propaganda ser completa, só faltou associar o nome de um inimigo político às ameaças, incluindo, para tanto, o trecho original de Nana no Facebook – reproduzido por Leonardo Sakamoto, Revista Forum e demais esquerdistas – sobre as “montagens com fotos do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) com dizeres ofensivos”. Mas imagino que a equipe do Fantástico não tenha lido essa parte…

Mais adiante na “matéria”, as frases fajutas da pesquisa do IPEA foram exibidas ao lado dos números sem que nenhum crítico da metodologia utilizada tenha sido ouvido – e eu não fui o único, como vocês verão aqui nesta segunda-feira, embora um dos primeiros. Os repórteres simplesmente venderam a conclusão forçada do coordenador Daniel Cerqueira de que “A sociedade brasileira está impregnada pela cultura machista”; e o âncora convocou o público a mandar fotos para o site do programa com a frase “Eu não mereço ser estuprada”, dizendo que elas seriam exibidas no encerramento, o que de fato ocorreu, com direito a um vídeo final em que alguém dizia: “Você nasceu de uma mulher, então ame as mulheres.” Imagino o quanto os estupradores ficaram comovidos…

Foi dito, é verdade, que as mulheres eram 66% dos entrevistados, mas isto – que sequer corresponde à proporção real delas na população brasileira – virou apenas uma prova de que elas também se culpam pelo estupro e se rendem ao “machismo” dos homens, de modo que precisam se libertar: “(…) centenas de vítimas simplesmente não vão prestar queixa à polícia, porque elas vão achar que elas que na verdade fizeram alguma coisa, que facilitaram e vão ser mal vistas na sociedade”, disse o “criminalista” do IPEA, Daniel Cerqueira, tirando da conclusão forçada de sua pesquisa fajuta outra mais forçada ainda. Se, com a distorção daquele item sobre “merecer ser atacada”, já parecia que a “cultura machista da sociedade” era a culpada pelo estupro, agora parece que é culpada pela falta de denúncia por parte das mulheres também.

Nenhum especialista de verdade foi entrevistado para informar sobre os verdadeiros motivos de estupradores, nem sobre que diabos a suposta opinião da suposta maioria têm a ver com seus crimes ou com a falta de denúncia deles, muito menos para revelar os altos índices dedenúncias falsas de abuso sexual. Em suma: nem delegado, nem criminalista, nem crítico de metodologia, nem campanha contrária como “Eu não quero ser enganada pelo IPEA”, nem “outro lado” algum. Só a propaganda de um (ou dois) dos maiores embustes dos últimos tempos.

O Fantástico, assim como a novela “Em família”, de Manoel Carlos, não “soube se comportar” e, no sentido de “crítica” que a palavra “ataque” também tem, “merece ser atacado”.

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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Artigo anterior:
- Estupro? Machismo? Culpa? Levante a plaquinha: “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA!” E mais: maioria defende pena de morte ou prisão perpétua a estupradores!

No próximo artigo, vocês verão que quem entende de metodologia concorda comigo…

Pós-escrito – Aqui está ele: O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…

Tags: campanha, cultura, Daniel Cerqueira, estupro, Eu não mereço ser enganada pelo IPEA, Eu não mereço ser estuprada, Fantástico, IPEA, machismo, mulheres, Nana Queiroz, pesquisa, tolerância sexual


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29/03/2014às 21:29 \ Cultura
Estupro? Machismo? Culpa? Levante a plaquinha: “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA!” E mais: maioria defende pena de morte ou prisão perpétua a estupradores!




[ATENÇÃO! Veja também o artigo posterior, com análise ainda mais detalhada, antes de tirar conclusões: O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…]

Eu falei no meu último texto - A culpa do estupro não é da mulher, mas a da confusão é da pesquisa do IPEA! Essa, sim, merece ser “atacada”! - da falsa impressão causada por duas afirmativas capciosas colocadas em sequência pelo instituto: uma terminava com “merecem ser atacadas” e outra com “haveria menos estupros”. Ninguém disse - e é sempre bom lembrar que 66,5% dos entrevistados eram… mulheres! - que as mulheres “merecem” ser estupradas, muito menos que deseja isso para elas, nem mesmo que elas são “culpadas” pelo estupro, e nem sequer que são “responsáveis” por ele, mas as ativistas já se aproveitaram da confusão para lançar na internet a campanha “Eu não mereço ser estuprada”, postando fotos nas quais seguram um cartaz com essa frase (e uma delas já até anunciou que foi ameaçada virtualmente de estupro depois disso).

A antropóloga Mirian Goldenberg declarou que “A mulher é culpada de ser mulher” e “Não somos nada Leila Diniz. Quem dera se fôssemos”; a ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, lamentou o resultado da pesquisa e disse que é preciso “fazer muito mais”; e [a equipe de] Dilma Rousseff, a “primeira presidente mulher” e obviamente a maior beneficiária em ano eleitoral de uma pesquisa que faz de tudo para vitimizá-las ainda mais,escreveu no Twitter “Tolerância zero à violência contra a mulher. #Respeito”. Tudo seguidinho, como manda o figurino. Toda a ordem artificial das coisas, como antecipei aqui. Junte o pacote completo na home dos portais de notícias e pronto: a propaganda está mais do que feita, antes mesmo de o Sakamoto entrar na jogada.

(E da novela “Em família“, de Manoel Carlos, também. Virgílio lê o jornal e fica chocado com o resultado: “Uma pesquisa diz que mais da metade dos brasileiros, atenção, mais da metade, acha que mulher dá motivo para ser estuprada”, o que é mais uma, “atenção”, mais uma distorção da pesquisa. Helena fica indignada: “Meu Deus, mas isso parece coisa dos primórdios da humanidade”. Se ninguém sabia ler nos primórdios, é verdade…)

O Instituto de Pesquisas Econômicas(!!!) Aplicadas, para quem não sabe, é aquele órgão governamental que “expurgou” em novembro de 2007 quatro pesquisadores independentes (Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Régis Bonelli) considerados não alinhados ao pensamento econômico do governo. Eliminou toda a divergência quando Márcio Pochmann chegou ao comando. Ele é o mesmo senhor de golas chinesas que, mui alinhado à campanha petista pela regulação da mídia, defende a “democratização” do setor de comunicação no Brasil, flertando com a criação do Conselho Federal de Jornalismo. O próprio instituto que presidiu até 2012, quando se tornou – imagine – candidato do PT para a prefeitura de Campinas – dá uma ideia do seu conceito de “democracia”. Parece que ele quer transformar o que restou da mídia brasileira num grande IPEA (e não é preciso muito…). Reinaldo Azevedo já falava de sua “língua lassa, elástica, imprecisa, de complementos verbais incapturáveis”, bastante similar à da pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres“.

Márcio Pochmann é também um dos autores daquele livro encalhado organizado por Emir Sader sobre a primeira década do PT no poder: “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, que levou uma surra no mercado de “Década perdida”, de Marco Antonio Villa, sobre o mesmo tema. Escrevi a respeito no artigo “Sucesso e Sader-masoquismo“, no qual eu oferecia a Sader umas aulinhas de marketing e organização da obra alheia por um precinho camarada. (O livro que eu organizei e divulguei já passou dos 60 mil exemplares vendidos, sem anúncio do partido governante…) E quem estava no lançamento do livro-propaganda do petismo, que jamais chegou a lista alguma dos mais vendidos, dando discurso ao lado de outros ases do “pensamento” esquerdista como Marilena “Odeio-A-Classe-Média” Chauí e do ex-presidente Lula, enquanto ele fingia ler a coisa? O “companhêru” Pochmann, é claro.

Em seu lugar no IPEA, que nunca mais seria o mesmo, entrou o então preferido da presidente Dilma, Marcelo Neri, o economista responsável pela mágica de colocar milhões de pessoas na classe média em velocidade de foguete. “Está certo que é uma ‘classe média’ favelada, com renda média que mal dá para chegar ao fim do mês colocando comida direito em casa”, ironizou meu vizinho de blog Rodrigo Constantino, no dia em que Dilma tirou uma casquinha de outra pesquisa do IPEA (é um hábito, como se vê) sobre o suposto – sempre suposto! – sucesso do Bolsa Família para reduzir a miséria no Brasil. Ela escreveu que cada R$ 1 investido no programa geraria aumento de R$ 1,78 no PIB, como se tirar de um e dar para outro provocasse um efeito multiplicador na economia, e não uma “pura transferência de riqueza”, como comentou Rodrigo. Neri também escreve artigos, aliás. Se alguém quiser uma amostra, pode ler no site “Amigos do PT“.

Pois bem. Assim como a apresentadora Ellen Degeneres brincou no Oscar que, se “12 anos de escravidão” não ganhasse, “todos vocês são racistas”, eu vou logo avisando que, se Dilma não ganhar as eleições, todos vocês são intolerantes às mulheres, ok? A pesquisa do IPEA de Marcelo Neri não me deixa mentir… Em meio a tantos escândalos, como Petrobras, obras da Copa, Mais Médicos, Porto de Cuba etc., não me espantaria que a máquina petista estivesse empenhada em mudar o foco das atenções e preparar o terreno da propaganda para blindar a presidente contra todas as críticas, em função do seu “mérito” (será o único?) de ser mulher. A historinha da “cultura do estupro” do Brasil é um caminho interessante, sem dúvida: coloca mulheres contra homens (os que não estupram, inclusive), assim como o PT coloca negros contra brancos, filhos contra pais, sem-terra contra fazendeiros, aquela coisa toda já explicada aqui.

Mas o que a população brasileira realmente pensa a respeito de estupradores?

Eu conto: de acordo com uma pesquisa de 2010do Núcleo de Estudos da Violência da USP, 39,5% dos entrevistados acham que estupradores merecem pena de morte, 34,3% defendem prisão perpétua e 11,1% apoiam prisão com trabalhos forçados. Ou seja: a imensa maioria da população defende penas tão duras aos estupradores que elas sequer estão previstas no nosso Código Penal. Ou ainda, traduzindo para o idioma do IPEA: nenhum outro criminoso “merece” tanto a pena de morte, para os brasileiros, quanto o estuprador.

Se os portais de notícias e os “especialistas” tivessem algum interesse em confrontar os resultados da pesquisa do IPEA com o da USP (que de reacionária não tem nem o cuspe), e quem sabe acrescentar episódios reais de estupradores linchados e até queimados vivos pela população, essa premissa feminista de que há uma “cultura do estupro” no Brasil teria ao menos um contrapeso. No ambiente cultural brasileiro, na verdade, o que existe há décadas é a legitimação moral que a esquerda faz da criminalidade em função da pobreza e das desigualdades sociais, sem falar na proteção legal que ela concede aos criminosos, inclusive aos estupradores! O resto é pura tentativa de transferir essa cumplicidade para a população de bem do país, induzindo e distorcendo suas opiniões sobre os culpados de estupro; e desviar a atenção da criminalidade que o PT sempre fomentou e da segurança que nunca ofereceu [veja os índices dos estados governados por petistas] para o suposto “machismo” onipresente, como se ele fosse a causa da existência de estupradores. É a velha tática esquerdista de culpar a “sociedade”, repetida por um bando de ativistas histéricos.

Isto sem falar na patetice das campanhas de desarmamento, “A guerra contínua da esquerda contra as mulheres“, como já escreveu a colunista americana Ann Coulter: “Uma arma na mão de uma mulher maltratada muda a dinâmica do poder (…). A grande maioria dos estupradores, por exemplo, não se dá ao trabalho de utilizar uma arma porque, conforme destacou o famoso criminalista Gary Kleck, eles costumam ter ‘uma grande vantagem de poder sobre a vítima’, tornando o uso da arma redundante.” Mulheres em geral são mais fracas fisicamente que os homens e, se lutassem pelo direito ao porte legal de arma, fariam muito mais em seu favor do que acusar os não estupradores de machismo. A taxa de estupros em Orlando, por exemplo, caiu 88% quando elas aprenderam a usar armas em cursos promovidos pela mídia, segundo o estudo de Kleck “Crime Control Through the Private Use of Armed Force” (February 1988, p. 13).

Veja a matéria “Por dentro da mente de um estuprador“, se quiser um resumo sobre os diversos perfis desses criminosos que sempre existiram e sempre existirão – “dominador”, “romântico”, “vingador”, “sádico” e “oportunista” – e os que eles podem ter em comum: “desprezam a condição humana das vítimas, são capazes de recorrer à violência extrema e sempre voltam a atacar – sem remorsos“. Destaque para o trecho: “(…) estupradores, depois de algum tempo presos, voltam para as ruas e cometem outros abusos. A saída não está, portanto, em práticas ou políticas de tratamento, mas na eficácia das investigações, nas estatísticas criminais e na segurança pública – todas deficientes na maior parte do país.”

Que exista quem pense que a mulher seminua é culpada pelo estupro que sofre, não há a menor dúvida, mas nenhuma pesquisa sequer mostrou de maneira clara que a maioria da população pensa tal coisa, ainda que as ativistas batam o pezinho e digam que isto é “senso comum”.

A discussão sobre se os estupros podem acontecer, também, em função da tentação que a maior exposição dos corpos das pessoas provoca é uma coisa (sobre a qual o cidadão comum só especula, sem dispor de dados a respeito); outra bem diversa é a discussão sobre se é justificável que a mulher seja punida ou não com estupro por andar seminua. Não creio que a maioria defendesse que o crime de estupro é justificável (ainda que esta seja outra palavra complicada) se as mulheres andassem até mesmo nuas; mas é óbvio que o IPEA não vai perguntar isto assim, muito menos se elas “devem ser punidas com estupro”, porque a clareza não renderia tantas manchetes, não é mesmo? De modo que é melhor usar o elástico verbo “merecer” (“ser digno de” e “fazer por”, mas também “atrair sobre si”, além de seus significados informais), uni-lo com algo impreciso como “ser atacadas” (ver meu artigo anterior) sem nem dizer se por homens ou por mulheres, ter a cara-de-pau de chamar isso no relatório de afirmação “nem um pouco sutil”, e depois deixar a militância fazer parecer que o estupro da questão seguinte era o que estava em jogo nesta.

O próprio relatório do IPEA reconhece na página 22: “Residentes no Sul/Sudeste, jovens e pessoas com educação média e superior, porém, apresentavam menores chances de concordar com isso.” Não diga! Que surpresa! Por que será que esta parte não aparece nos jornais? Por que não junto às porcentagens de 41,5%(!!!) de entrevistados com menos que o ensino fundamental e 22,3% somente com ele? Sem falar que 30,8% tinham apenas oensino médio. Só as ativistas garantiriam que, neste país campeão dos últimos lugares em testes internacionais de leitura, os cidadãos de educação inferior (63,8%!!!) realmente entenderam e avaliaram o peso e as consequências possíveis de se dizer que as mulheres seminuas “merecem ser atacadas”. Elas querem porque querem que o brasileiro comum seja mau como pica-pau e julgam sua “machista” crueldade em função de sua pobre capacidade de compreensão de frases capciosas – que dirá de análise: a questão seguinte, repito, exigia de homens e mulheres uma opinião sobre a alteração do índice de estupro em função de um mau comportamento feminino genérico. Só mesmo ativistas podem acusar o cidadão comum de responder equivocada ou preconceituosamente a uma tal pergunta sobre um tema em que ele não é especialista. E só pesquisadores do IPEA podem concluir daí (na hipótese de que a conclusão tenha vindo depois da pesquisa) um ”sistema social que subordina o feminino ao masculino” e que “a violência parece exercer um papel fundamental”, como observou Bruna Luiza.

Os brasileiros têm horror de estupradores. Querem vê-los mortos ou presos para sempre. (Até os demais bandidos muitas vezes os condenam.) Não é porque a maioria da população masculina e feminina parece criticar mulheres que não sabem se comportar ou não se vestem adequadamente que concorda que elas DEVEM SER estupradas. Não é porque a maioria pode ter opiniões negativas sobre mulheres imaginadas a partir de determinadas frases alheias que essa maioria atenta contra a liberdade individual de cada mulher ser do jeito que bem entender. Não é porque a maioria pode achar que a discrição do traje resguarda a mulher contra a violência sexual que ela é cúmplice do crime. Nenhuma mulher “merece” ser estuprada, é claro, mas ninguém merece estupros mentais como uma pesquisa tão obscura quanto esta. Quem quiser realmente combater a “cultura do crime” tem é de desmascarar os “pensadores” esquerdistas que a alimentam, o governo que a fomenta e os órgãos governamentais que o encobrem.

Por ora (sem h), minha sugestão é levantar a plaquinha:

“Eu não mereço ser enganada pelo IPEA.”

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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NÃO PERCA MEUS DOIS ARTIGOS DEPOIS DESTE:
- O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…
- Reportagem, não! Fantástico faz propaganda da campanha “Eu não mereço ser estuprada” e da pesquisa do IPEA

E MAIS:
- Conheça o Foro de São Paulo, o maior inimigo do Brasil

Tags: atacadas, culpa, estupro, Fabio Giambiagi, Gervásio Rezende, IPEA, machismo, Marcelo Neri, Márcio Pochmann, Mirian Goldenberg, mulher, Otávio Tourinho, pesquisa, Régis Bonelli


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28/03/2014às 20:44 \ Cultura
A culpa do estupro não é da mulher, mas a da confusão é da pesquisa do IPEA! Essa, sim, merece ser “atacada”!




[ATENÇÃO! Veja também os artigos posteriores, com análises mais completas, antes de tirar conclusões: O Relatório Moura Brasil sobre a pesquisa fajuta do IPEA (e a cabeça dos ativistas). E não é que os especialistas de verdade concordam comigo? Ai, que chato! Manchetes comprovam: verbo “atacar” não é só estuprar! Jura?…; e Estupro? Machismo? Culpa? Levante a plaquinha: “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA!” E mais: maioria defende pena de morte ou prisão perpétua a estupradores!]

Se eu quisesse “provar” que o Brasil é um país tão “machista” que os homens realmente acreditam que o estupro é culpa da mulher, eu teria decerto perguntado a 3.810 brasileiros se concordam ou discordam de frases tão picaretas quanto as da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA):

“Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.” - 65% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente.

“Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros.” - 58,5%, idem.

Pronto. Os portais de notícias reproduziriam em letras garrafais o resultado do “Brasil medieval“, as feminazi ficariam escandalizadas, os “especialistas” viriam em seguida comentarque “as mulheres ainda são vistas como propriedade”, o lobby para novas políticas públicas iria aumentando e os políticos apareceriam para atender ao apelo geral com propostas de leis, sem que ninguém soubesse afinal se foram eles mesmos que me encomendaram a pesquisa com este objetivo, muito menos se os métodos usados condizem com a impressão resultante.

Não: não estou acusando ninguém de encomendar nada, embora desconfie de institutos de pesquisa econômica que investigam questões comportamentais. Só estou dizendo que esta seria a ordem artificial das coisas se eu quisesse manipular a opinião pública, sobretudo se contasse com agentes do meu grupo ideológico nas redações dos órgãos de mídia.

Quem lê as manchetes dos portais e, se tanto, as duas frases do IPEA em sequência fica obviamente com a impressão – e é ela que vale em matéria de opinião pública – de que os homens são muito malvados e culpam as mulheres pelo estupro. Acontece que a primeira frase não fala de estupro, mas genericamente de ataque; e a segunda relaciona um mau comportamento também genérico das mulheres à diminuição do índice de estupro. E tem mais um “pequeno” detalhe: 66% dos entrevistados eram mulheres! Não duvido que muito mais impiedosas com as “periguetes” do que os homens… (Ficha técnica da pesquisa no fim do post.)

Em todo caso, vamos lá: é feio dizer que uma mulher “merece ser atacada”? Sem dúvida. Mas que diabos é “ser atacada” para o cidadão comum no Brasil? “Atacar” como? Quase todo o palavreado nacional relativo a abordagens, conquistas e pegações consentidas é baseado em conceitos de guerra, de “caça” ou de futebol, tanto para homens (“os guerreiros”) quanto para mulheres, e nem por isso se está falando em “encoxar”, abusar, espancar ou estuprar.

Quantas vezes homens de bem não dizem aos amigos que “partiram para o ataque” com fulana, querendo dizer que apenas a abordaram de forma mais incisiva, mostrando o quanto querem ter com elas alguma relação? Quantos não estimulam os outros a deixar de lero-lero e “partir para o ataque”? Quantas mulheres não adoram ser “atacadas” neste sentido pelos homens?

“Atacar” mulher no Brasil não é necessariamente cometer crimes contra ela. Até “criticar alguém” é “atacar”. Quase todo homem ataca mulheres neste sentido. Se a pesquisa pretendesse esclarecer alguma coisa, teria definido a que tipo de “ataque” se refere (e não teria usado a palavra “merece”, que, entre tantos significados, tem até mesmo o de “atrair sobre si”; sem contar o vazio que gírias como “ninguém merece!” e “fulano merece!” lhe emprestaram).

Se, para 65% dos entrevistados, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas“, como saber quantos entre eles julgaram que elas “merecem” ser criticadas, abordadas ou “cantadas” por isso? E, principalmente, quantos não exageraram o seu desapreço pelo suposto exibicionismo feminino – quiçá imaginando as filhas (ou as concorrentes, no caso das esposas) de bunda de fora – sem desejar com isso que elas fossem de fato violentadas? Em sentido literal, toda mulher no Brasil usa roupas que mostram o corpo de alguma forma, mas falar sobre o que mereceriam as “mulheres que usam roupas que mostram o corpo” induz o entrevistado a imaginar as mulheres mais vulgares e oferecidas e a repudiá-las em sua resposta. Agora: se a palavra “atacadas” fosse trocada por “espancadas” ou “estupradas”, é evidente que o resultado teria sido mais ameno.

Nada, porém, como deixar para falar de estupro na frase seguinte, mais vaga ainda, não é mesmo? Assim o efeito das duas causaria uma impressão geral de estupidez machista. Repito a dita-cuja: “Se as mulheres soubessem se comportar” (???), “haveria menos estupros.” No mesmo país em que compreender as causas sociais óbvias de um crime, como fez Rachel Sheherazade no caso dos justiceiros, é “incitação” e “apologia” a ele, como diz a comunista Jandira Feghali, do PCdoB (que nunca disse o mesmo dos comunistas), relacionar um mau comportamento vago de alguém à incidência do crime agora é o mesmo que atribuir-lhe a culpa.

Não faço ideia se o índice de estupros diminuiria se as mulheres vestissem burcas, mas é perfeitamente compreensível o raciocínio de que se elas não usassem roupas tão provocantes atrairiam menos a atenção dos estupradores, assim como, se os homens não passassem de Rolex ou de Ferrari em áreas perigosas, atrairiam menos a atenção de assaltantes. E nada disso seria culpá-los dos crimes que os demais cometeram. A frase do IPEA é vaga e induz os entrevistados a pensar na atração que mulheres desnudas despertam em potenciais estupradores e a especular que um cuidado maior diminuiria a incidência de estupros, o que em nada depõe contra o caráter desses entrevistados, muito menos comprova o seu “machismo”.

[Também pode induzir a pensar que estuprar uma mulher mais vestida, por exemplo de calça jeans, dá mais trabalho e é portanto mais difícil mesmo do que uma que já esteja de saia curta, o que leva a crer que haveria menos estupros se as mulheres "soubessem se comportar" no sentido de andarem mais cobertas.]

O uso indiscriminado da palavra responsabilidade por parte da mídia, misturando seus vários sentidos, também colabora, como de hábito, para a confusão geral. Se uma pessoa é supostamente irresponsável (no sentido de “descuidada”) por chamar a atenção de bandidos de alguma forma, isto tampouco a torna responsável (no sentido de “culpada”) pelo crime.

Manchetes como “Maioria acredita que mulher tem responsabilidade em casos de estupro, diz Ipea” estão aí apenas para confundir. Não foi com isto que a maioria concordou, e os pesquisadores do IPEA ainda têm a cara-de-pau de concluir que “O acesso dos homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem barreiras, como se comportar e se vestir ‘adequadamente’”. Nenhum homem disse que vai sair transando com as mulheres se elas não se comportarem ou se vestirem adequadamente, mas o IPEA veio com tudo para causar escândalo.

Se, em suposta compensação, 91% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que “homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”, não é tampouco porque os entrevistados toleram menos a “violência doméstica” do que as outras, mas porque esta é justamente a frase menos capciosa e portanto mais reveladora da pesquisa (os homens não devem ser tão malvados assim, não é mesmo?). “Bater na esposa” e “ir para cadeia” são expressões muito mais diretas e objetivas do que aquelas usadas nas frases anteriores.

De resto, a confusão em torno da “responsabilidade” pelo estupro já é muito maior no ambiente cultural do que sobre a “culpa” de um homem que bate na esposa; e o IPEA só fez confundir ainda mais – para não dizer manipular – a opinião pública em relação a primeira.

Proponho aos pesquisadores duas lindas afirmativas, com as quais concordo totalmente:

Pesquisas cujas frases induzem a determinadas respostas merecem ser atacadas.

Se as pesquisas soubessem se comportar haveria menos estupro mental no país.


Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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[ATENÇÃO! ANTES DE COMENTAR (ou xingar), veja também o artigo posterior neste blog, com o que diz o próprio relatório da pesquisa e muito mais: Estupro? Machismo? Culpa? Levante a plaquinha: “Eu não mereço ser enganada pelo IPEA!” E mais: maioria defende pena de morte ou prisão perpétua a estupradores!


E VEJA O ARTIGO MAIS DEFINITIVO: O RELATÓRIO MOURA BRASIL SOBRE A PESQUISA DO IPEA, no qual os especialistas de verdade concordam comigo…

E AINDA: A verdadeira cultura do estupro.

Ficha técnica:

Características da população entrevistada (3810 pessoas)

A) Residentes no Sul ou Sudeste (sse): 56,7%
B) Residentes em áreas metropolitanas (metro): 29,1%
C) Pessoas jovens, 16 a 29 anos (jovem): 28,5%
D) Pessoas adultas, 30 a 59 anos: 52,4%
E) Pessoas idosas, 60 ou mais anos (idoso): 19,1%
F) Mulheres (fem): 66,5%
G) Brancos (branco): 38,7%
H) Católicos (cato): 65,7%
I) Evangélicos (evan): 24,7%
J) Demais religiões, ateus e sem religião: 9,6%
K) Menos que o ensino fundamental: 41,5%
L) Ensino fundamental (edufunda): 22,3%
M) Ensino médio (edumedia): 30,8%
N) Ensino superior (edusuper): 5,4%
O) Renda domiciliar per capita média: R$ 531,26

Tags: atacadas, culpa, estupro, IPEA, mulher, pesquisa


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27/03/2014às 20:53 \ Cultura
A República dos Maconheiros já tem “bandeira” e tudo! Não falei que eles queriam fundar um novo país no campus?




Foi só eu dizer aqui que os maconheiros revolucionários da UFSC queriam fundar um novo país e pronto: a bandeira nacional que ficava no mastro principal da instituição foi substituída por um pano vermelho com a inscrição “Reitoria Ocupada”.

O grupelho de 200 vagabundos que tomou o local após a operação da PF para investigar uma denúncia de tráfico de drogas também quer que a reitora Roselane Neckel revogue um protocolo de compromisso assinado em dezembro de 2013 com o Ministério Público Estadual (MPE) que estipula horários para a realização de confraternizações no campus e permite que a Polícia Militar seja chamada para conter casos de desordem e criminalidade, informa a Veja.com.

O MPE alega que os vizinhos reclamavam do barulho das festas à noite, mas no novo país da “Reitoria Ocupada”, mais conhecido como República dos Maconheiros, toda festinha tem de ser liberada e a polícia proibida de entrar. É o “rolezinho” acadêmico em ação.

Numa universidade em que o curso de Letras convida até o assassino Cesare Battisti para dar palestra; onde alunos como o criador do blog UFSC Conservadora, Antonio Pinho, são perseguidos; e onde professores como Nildo Domingos Ouriques e Waldir José Rampinelli – ambos filiados ao PT em 1991, sendo que Waldir se filiou ao PSOL em 2009 – compõem antros esquerdistas como o Instituto de Estudos Latino-Americanos, cuja programação inclui as “Jornadas Bolivarianas”, surpreendente seria se ninguém brincasse de revolucionário.

Para fazer jus ao vermelho socialista do pano, só falta mesmo a maconheirada cortar o cabelo à moda Kim Jong-un, o ditador da Coreira do Norte que obrigou os universitários de seu país a ficarem tão lindos quanto ele. Decerto que as laterais raspadas facilitam a circulação da fumaça do baseado e também o uso de máscaras contra gás lacrimogênio, ainda que evitem aquele fedorzinho capilar que os discípulos do porco fedorento Che Guevara adoram. Fica a dica.

E para não dizer que não falei de quem estuda, um grupo de alunos contrário à revolução levou a bandeira brasileira para o Centro Tecnológico, hasteou-a a meio-mastro em sinal de protesto e afirmou pelo Facebook que fará uma passeata para “mostrar que nem todos os estudantes da UFSC concordam com essa ocupação da reitoria”.

É o mínimo que a rapaziada sensata pode fazer. Só não sugiro a plaquinha “Vá invadir a biblioteca, vagabundo!”, porque posso imaginar os livros que existem por lá.

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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Veja também o post anterior:
- Maconheirada da UFSC queria “Save The Date” da Polícia

Tags: bandeira, invasão, Lúcia Helena Martins Pacheco, maconha, MPE, pano vermelho, Polícia Federal, reitoria,Revolução, Roselane Neckel, tropa de choque, UFSC


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24 COMENTÁRIOS


27/03/2014às 16:45 \ Cultura
Maconheirada da UFSC queria “Save The Date” da Polícia


1.

Eu acho ótimas as invasões de reitoria. Só não entendo por que não colocam grades na porta e deixam os bandidinhos lá dentro.

O sistema prisional brasileiro precisa de celas universitárias.

2.

Quando um maconheiro revolucionário fala em “autonomia universitária”, ele está dizendo que passar no vestibular lhe deu o direito de fundar um novo país no campus acadêmico, onde só valerão as leis que lhe agradam. Quando um presidente petista fala em “ampliar a democracia”, ele está dizendo que ser eleito lhe deu o direito de fundar um novo país em território nacional.

3.

Maconheiros revolucionários e seus professores marxistas da UFSC, além das reitoras Roselane Neckel e Lúcia Helena Martins Pacheco, reclamam de que não foram avisados da ação da polícia. A moda Cabral-Beltrame de avisar aos bandidos antes de subir os morros do Rio para instalar UPP fez tão mal ao Brasil que agora todo mundo quer receber um “Save the date”.

4.

A nota da UFSC assinada pelas reitoras dizia o seguinte: “Em todos os contatos com a Polícia Federal sempre foi solicitado que quaisquer ações de repressão violenta ao tráfico de drogas fossem realizadas fora das áreas da universidade.”

Os traficantes do Complexo da Maré poderiam dizer o mesmo: ”Em todos os contatos com a Polícia Federal sempre foi solicitado que quaisquer ações de repressão violenta ao tráfico de drogas fossem realizadas fora das áreas da comunidade.”

Todo mundo que comete ou protege quem comete crimes no Brasil poderia dizer: ”Em todos os contatos com a Polícia Federal sempre foi solicitado que quaisquer ações de repressão violenta aos nossos crimes fossem realizadas fora das áreas onde os cometemos.”

Se delegados como Paulo Cassiano Júnior atendessem a solicitações assim, em vez de responder que “Nós não temos compromisso se a reitora com seu comportamento condescendente pretende transformar a universidade em uma república de maconheiros“, teríamos um país ainda mais lindo e maravilhoso, com a maconheirada se mudando de mala e cuia para todos os campus mantidos com os nossos impostos.

A cada dia mais, qualquer estudo “violento” precisa ser realizado fora da universidade brasileira.

5.

Um dos professores pró-território livre da UFSC escreveu no Facebook que “A Universidade foi agredida”. Todo revolucionário é assim: faz o seu próprio grupelho de vítima dos abusos que cometeu e dá a ele o nome da verdadeira vítima de seu próprio grupelho.

A universidade, no caso, é “agredida” duas vezes: quando o grupelho desrespeita as leis dentro dela e quando o professor coloca a culpa disso nos agentes que, enfrentando a resistência do grupelho, vieram fazer as leis serem cumpridas.



6.

Já o professor de arquitetura Lino Peres é vereador do PT em Florianópolis. (Preciso continuar? Ok.) Ele disse: ”Já fui chefe do departamento de arquitetura e conseguimos estabelecer regra de convívio sem precisarmos dessa arbitrariedade.” Quem melhor do que um petista para ensinar à Polícia as “regras de convívio” com quem comete crimes, não é mesmo? Vai ver o delegado Paulo Cassiano precisa de umas aulinhas com o professor Peres.

7.

A UFSC é aquela universidade onde há “Jornadas bolivarianas”, nas quais é ensinada uma droga muito mais pesada que a maconha, como já comentou Reinaldo Azevedo. Lá se reclama das balas de borracha da polícia contra aqueles que infringem a lei, enquanto se faz propaganda da ditadura assassina que manda chumbo grosso em manifestantes que exigem democracia.

Não duvido que haja professores do PSOL também.



8.

De resto, o Brasil se repete tanto que nada melhor do que já ter escrito a respeito. A maconheirada revolucionária da UFSC já pode colocar o episódio da semana em seu portfólio de militante, assim como os delinquentes da USP de 2011. Todos têm um grande futuro “nêsti paíf”.

Invada a reitoria você também [09/11/2011]
Felipe Moura Brasil

Você é a favor das drogas? É contra a polícia no campus? Não tem mais o que fazer? Ótimo!

Participe da próxima invasão de reitoria e incremente o seu portfólio de militante.

O pacote inclui: manchetes e fotos de primeira página em todos os jornais, fotogalerias nos sites jornalísticos, vídeos no youtube, repercussão nas redes sociais, reportagens benevolentes na TV Globo, depoimento solidário (“Não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia”) do Ministro da Educação e pré-candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad – e muito mais!

Em especial: a foto da vitória! Todos unidos na saída da delegacia exibindo o documento de liberação após o pagamento da fiança de R$ 545! Fiança paga, é claro, com o dinheiro público dos nossos sindicatos, entidades e movimentos sociais, que cuidam de todas as despesas pra você, incluindo os advogados. Isso mesmo: ninguém precisa chamar o papai!

Venha! Traga o seu capuz. Traga o seu baseado. Traga o seu galão de gasolina e o seu coquetel molotov.

Após a invasão, basta ignorar as ordens judiciais, aguardar a chegada da polícia com a(s) câmera(s) do(s) seu(s) celular(es) ligada(s) e resistir bravamente à prisão, com o máximo possível de vitimismo heroico e acusações histéricas. Vamos juntos imputar ao governo tucano qualquer indício de truculência policial! Todo sangue é bem-vindo!

Aproveite ainda para arremessar pedras nos repórteres e destruir seus equipamentos, que nós garantimos a sua absolvição moral. Você e seus amigos delinquentes serão tratados como “manifestantes” (Folha de São Paulo), “estudantes” (O Globo) e até “os meninos” (Jornal Nacional)! É muita honraria à sua espera.

Mas lembre-se: não basta, por fim, reunir 5% dos alunos em assembleia e afetar os demais 95% com a declaração de “greve geral”.

É preciso, também, participar das festinhas do DCE, com Open Bar de ervas e charutos cubanos.

Comece em alto estilo a sua carreira na militância esquerdista.

Inscreva-se já!*

*Os 100 primeiros ganham uma carteirinha do PT.

Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

Siga no Facebook e no Twitter.

Veja também o post:
- A República dos Maconheiros já tem “bandeira” e tudo! Não falei que eles queriam fundar um novo país no campus?

Tags: invasão, Lúcia Helena Martins Pacheco, maconha, Polícia Federal, reitoria, Revolução, Roselane Neckel,tropa de choque, UFSC


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-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905